quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

História de ADERVAL ALVES COQUEIRO -XL- - Vanderley-Revista

ADERVAL ALVES COQUEIRO (1937-1971)
 
Filiação:
Jovelina Alves Coqueiro e José Augusto Coqueiro
Data e local de nascimento:
18/07/1937, Aracatu (BA)
Organização política ou atividade:
MRT
Data e local da morte:
Aderval Alves Coqueiro foi um dos 40 presos políticos trocados pelo embaixador alemão Von Holleben, em junho de 1970. Tinha sido preso em São Paulo, em 29/05/1969, como
militante da Ala Vermelha, sendo torturado na 2ª Companhia da Polícia do Exército, depois transferido para o DOPS/SP e, finalmente, Presídio Tiradentes. Banido e enviado à Argélia,
de lá se deslocou para Cuba, regressando ao Brasil já integrado ao MRT – Movimento Revolucionário Tiradentes, grupo dissidente da Ala Vermelha.
Coqueiro morreu no Rio de Janeiro, de acordo com o laudo oficial assinado por João Guilherme Figueiredo, no dia 06/02/1971, no Cosme Velho, em conseqüência de “f
transfixante do tórax e lesão do pulmão direito”. Seu corpo foi entregue à família posteriormente, sendo enterrado no cemitério de Inhaúma no dia 14.Jornal do Brasil de 08/02/1971 referiu-se ao cerco de mais de 50 policiais e publicou uma foto de
Nascido no município baiano de Brumado, Coqueiro iniciou cedo sua militância política no PCB e foi um dos candangos que trabalhou na construção de Brasília, além de ter sido
operário da construção civil no estado de São Paulo, onde residiu desde 1961. Ao se desligar do PCB, passou a integrar o Comitê Regional do PCdoB/SP, focando suas atividades na
zona rural. Por volta de 1967/1968, desligou-se do PCdoB para integrar a Ala Vermelha. Vivendo em São Bernardo do Campo e Diadema, trabalhou também como operador de máquinas
e vendedor autônomo. Casado com Isaura, tiveram duas filhas. Coqueiro teria retornado ao Brasil em 31/01/1971, valendo-se de um esquema clandestino da VAR-Palmares, e foi morar
no apartamento do bairro Cosme Velho, onde foi morto uma semana depois. Não foi possível localizar perícia de local, fotos e nem o laudo necroscópico.
Duas matérias de jornais da época permitiram desqualificar a versão oficial. O
Coqueiro morto, alvejado pelas costas. O Jornal da Tarde, na mesma data, complementa as informações com o depoimento de um oficial que participara da operação, informando que a
localização da casa onde estava Coqueiro começara a ser feita um mês antes. Repetindo a tática já costumeira de manchar a imagem dos militantes detidos, esse agente dos órgãos de
segurança disse que a residência teria sido apontada pelo ex-deputado federal Rubens Paiva a um grupo de oficiais da PE antes de ser seqüestrado por companheiros. Tal afirmação
levantou indignação na CEMDP, pois Rubens Paiva representa um dos casos mais conhecidos de desaparecimento ocorrido no Brasil, por ser notória a brutalidade do assassinato de
um opositor político que, sabidamente, não estava engajado na resistência armada ao regime militar.
Para complementar as informações, foi possível localizar o zelador do prédio onde Coqueiro foi morto, que declarou não ter presenciado o tiroteio, pois estava no último andar do
edifício. Mas ouviu, durante a operação militar, um agente gritando: “
viu o cadáver no local, com diversas marcas de tiro.bota a arma do lado dele”. O zelador, em seu relato, não deu
Também afirmou que Coqueiro estava desarmado, vestido com apenas um calção, e que ouviu um dos agentes dizer: “
qualquer indicação de que Coqueiro teria tentado reagir.consta no Livro de
A Comissão de Familiares juntou ao processo na CEMDP fotos do corpo, cedidas pela Agência JB, e fotos atuais do prédio onde ocorreu a morte, sendo solicitada a expedição de
ofício ao IML/RJ, em mais uma tentativa de localização do laudo necroscópico. Apenas uma certidão do IML Afrânio Peixoto foi fornecida, com o seguinte teor: “
Registro de Cadáveres, às fls 03, que na data de 06/02/71, deu entrada no Serviço de Necropsias, o corpo de Aderval Alves Coqueiro, tendo sido encaminhado pelo DOPS, com a
guia de remoção s/n., com a idade de 33 anos, brasileiro, casado, profissão: datilógrafo, residência: Rua Bandeirantes 10-B, Diadema, São Paulo, tendo a morte ocorrida”.
em conseqüência de crime, sendo a causa mortis ferida transfixante do tórax – lesão do pulmão direito
O episódio teve grande repercussão na imprensa porque Aderval Alves Coqueiro foi o primeiro banido encontrado no Brasil pelos órgãos de segurança. Franquearam o acesso de
fotógrafos ao local, mas não exibiram o ocorrido para a imprensa. Salvo a presença do revólver junto ao corpo, não foi apresentada qualquer indicação precisa comprovando a alegada
resistência a tiros. Na CEMDP, as fotos obtidas junto à Agência JB representaram uma prova conclusiva da falsidade da versão oficial, pois as manchas de sangue no piso sugeriam
que o corpo fora arrastado e evidenciaram que Coqueiro não fora abatido exatamente no local onde se encontrava o corpo. Tampouco o revólver poderia estar na posição em que se
via na foto. Mostraram, ainda, outras lesões não referidas nas informações do IML: nítidos sinais de ferimentos na cabeça, na nádega esquerda e na perna direita.
Após o voto favorável do relator, houve pedido de vistas ao processo. O revisor, Luís Francisco Carvalho Filho, acompanhou o voto do relator.
A CEMDP concluiu que Coqueiro não morreu conforme a versão oficial.
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+ detalhes


Biografia
Militante do MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO TIRADENTES (MRT).
Nasceu, em 18 de julho de 1937, em Aracatu, BA, filho de José Augusto Coqueiro e Jovelina Alves Coqueiro. Casado com Isaura, teve duas filhas.
De origem operária, iniciou cedo sua militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Como candango participou da construção de Brasília. Desligando-se do PCB, integrou o Comitê Regional do Partido Comunista do Brasil (PC do B), centrando suas atividades na zona rural. Também participou da Ala Vermelha.
Desde 1961 vivia em São Paulo onde trabalhava como operário da construção civil.
Preso em 29 de maio de 1969, na 2ª Companhia da Polícia do Exército (PE), em São Paulo. Mais tarde, foi transferido para o DOPS/SP e torturado pelo Delegado Sérgio Fleury. Em junho de 1970, foi banido do território brasileiro, quando do seqüestro do embaixador da Alemanha no Brasil, Von Holleben, indo para a Argélia com outros 39 companheiros. De imediato, procurou reunir condições de voltar ao país para retomar a luta, sendo o primeiro banido a conseguir voltar.
Coqueiro regressou ao Brasil no dia 31 de janeiro de 1971, indo morar em um apartamento no bairro Cosme Velho, Rio de Janeiro, onde foi localizado e morto no dia 6 de fevereiro de 1971.
Segundo testemunhas, uma grande área do bairro foi cercada pelos agentes policiais, com o objetivo de evitar sua fuga. Assim que os policiais do DOI-CODI/RJ invadiram o apartamento, começaram a atirar. Coqueiro tentou fugir, mas foi abatido pelas costas, no pátio interno do prédio.
Jornais da época noticiaram como sendo mais uma morte em violento tiroteio. Algumas revistas publicaram fotos onde Coqueiro jazia no chão, estando cerca de 30 cm de sua mão estendida um revólver, que ele não chegou a portar. Mais uma farsa dos agentes da repressão para encobrir um frio assassinato.
Seu corpo entrou no IML com guia s/n. do DOPS. O óbito foi firmado pelo Dr. João Guilherme Figueiredo e teve como declarante Reinaldo da Fonseca Mota e foi entregue à sua família, que o sepultou no Cemitério de Inhaúma (RJ), em 14 de fevereiro de 1971.
Com o intuito de restabelecer a verdade, 25 anos depois a Comissão de Familiares voltou ao prédio onde ocorreu a execução de Aderval e ouviu a versão de Francisco Soares, antigo zelador do prédio, a qual reproduzimos abaixo:
"(...) nesse mesmo dia, após algumas horas, cheguei à janela e vi que o prédio estava cercado por uma centena de policiais civis e a Polícia do Exército, logo depois, o prédio foi invadido por vários homens armados, e foram direto para o apartamento 202. Nesse momento, um oficial mandou que eu saísse da janela. Posteriormente, escutei um militar gritar 'atira e mata'. Logo depois escutei uma grande gritaria nos fundos do prédio e vários disparos de armas, que durou somente alguns segundos. Escutei uma pessoa falar 'temos presunto fresco'.
(...) quando eu cheguei nos fundos, onde encontra-se a piscina, vi o rapaz do apartamento 202 estirado no chão, perguntaram se eu o conhecia, disse que era a pessoa que estava limpando o apartamento 202, me responderam que ele era um perigoso subversivo chamado 'Baiano Coqueiro'. Observei várias marcas de tiros, não sabendo dizer quantas, estando ele somente de calção, sem camisa e desarmado. Também ouvi o policial dizer 'bota a arma do lado dele' ..."
Nas pesquisas feitas no IML não foram encontrados laudo de necrópsia, nem laudos e fotos de perícia local no Instituto de Criminalística do Estado (ICE/RJ), apesar da existência das fotos fornecidas, à época, para imprensa. Posteriormente, foi encontrado o laudo médico no arquivo do DOPS/SP.
atira e mata”. O zelador contou ainda que foi chamado pelos policiais para prestar informações sobre a vítima e
06/02/1971, no Rio de Janeiroerida



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