tag:blogger.com,1999:blog-49107269080807646492024-02-19T23:53:17.290-08:00PARA NÃO ESQUECER JAMAIS ! - Vanderley-Revista [Carta O BERRO]Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-67058132057472945922011-02-17T14:35:00.000-08:002011-02-17T14:35:05.441-08:00História de ADERVAL ALVES COQUEIRO -XL- - Vanderley-Revista<div><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><div align="left">ADERVAL ALVES COQUEIRO (1937-1971)</div></span></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left"><span style="font-family: Arial;"></span></div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"> </span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="http://img17.imageshack.us/img17/6125/aderbalalvescoqueiro1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" j6="true" src="http://img17.imageshack.us/img17/6125/aderbalalvescoqueiro1.jpg" /></a></div><div align="left">Filiação: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">Jovelina Alves Coqueiro e José Augusto Coqueiro</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left">Data e local de nascimento: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">18/07/1937, Aracatu (BA)</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left">Organização política ou atividade: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">MRT</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left">Data e local da morte: </div><div align="left">Aderval Alves Coqueiro foi um dos 40 presos políticos trocados pelo embaixador alemão Von Holleben, em junho de 1970. Tinha sido preso em São Paulo, em 29/05/1969, como </div><div align="left">militante da Ala Vermelha, sendo torturado na 2ª Companhia da Polícia do Exército, depois transferido para o DOPS/SP e, finalmente, Presídio Tiradentes. Banido e enviado à Argélia, </div><div align="left">de lá se deslocou para Cuba, regressando ao Brasil já integrado ao MRT – Movimento Revolucionário Tiradentes, grupo dissidente da Ala Vermelha.</div><div align="left">Coqueiro morreu no Rio de Janeiro, de acordo com o laudo oficial assinado por João Guilherme Figueiredo, no dia 06/02/1971, no Cosme Velho, em conseqüência de “f</div><div align="left"><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">transfixante do tórax e lesão do pulmão direito</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">”. Seu corpo foi entregue à família posteriormente, sendo enterrado no cemitério de Inhaúma no dia 14.</span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">Jornal do Brasil </span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">de 08/02/1971 referiu-se ao cerco de mais de 50 policiais e publicou uma foto de </span></span></i></i></div><div align="left">Nascido no município baiano de Brumado, Coqueiro iniciou cedo sua militância política no PCB e foi um dos candangos que trabalhou na construção de Brasília, além de ter sido </div><div align="left">operário da construção civil no estado de São Paulo, onde residiu desde 1961. Ao se desligar do PCB, passou a integrar o Comitê Regional do PCdoB/SP, focando suas atividades na </div><div align="left">zona rural. Por volta de 1967/1968, desligou-se do PCdoB para integrar a Ala Vermelha. Vivendo em São Bernardo do Campo e Diadema, trabalhou também como operador de máquinas </div><div align="left">e vendedor autônomo. Casado com Isaura, tiveram duas filhas. Coqueiro teria retornado ao Brasil em 31/01/1971, valendo-se de um esquema clandestino da VAR-Palmares, e foi morar </div><div align="left">no apartamento do bairro Cosme Velho, onde foi morto uma semana depois. Não foi possível localizar perícia de local, fotos e nem o laudo necroscópico.</div><div align="left">Duas matérias de jornais da época permitiram desqualificar a versão oficial. O </div><div align="left"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">Coqueiro morto, alvejado pelas costas. O </span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">Jornal da Tarde</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">, na mesma data, complementa as informações com o depoimento de um oficial que participara da operação, informando que a </span></span></i></div><div align="left"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">localização da casa onde estava Coqueiro começara a ser feita um mês antes. Repetindo a tática já costumeira de manchar a imagem dos militantes detidos, esse agente dos órgãos de </span></span></div><div align="left"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">segurança disse que a residência teria sido apontada pelo ex-deputado federal Rubens Paiva a um grupo de oficiais da PE antes de ser seqüestrado por companheiros. Tal afirmação </span></span></div><div align="left"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">levantou indignação na CEMDP, pois Rubens Paiva representa um dos casos mais conhecidos de desaparecimento ocorrido no Brasil, por ser notória a brutalidade do assassinato de </span></span></div><div align="left"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">um opositor político que, sabidamente, não estava engajado na resistência armada ao regime militar.</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold;"></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><div align="left">Para complementar as informações, foi possível localizar o zelador do prédio onde Coqueiro foi morto, que declarou não ter presenciado o tiroteio, pois estava no último andar do </div><div align="left">edifício. Mas ouviu, durante a operação militar, um agente gritando: “</div><div align="left"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">viu o cadáver no local, com diversas marcas de tiro.</span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">bota a arma do lado dele</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">”. O zelador, em seu relato, não deu </span></span></i></div><div align="left">Também afirmou que Coqueiro estava desarmado, vestido com apenas um calção, e que ouviu um dos agentes dizer: “</div><div align="left"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">qualquer indicação de que Coqueiro teria tentado reagir.</span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">consta no Livro de </span></span></i></div><div align="left">A Comissão de Familiares juntou ao processo na CEMDP fotos do corpo, cedidas pela Agência JB, e fotos atuais do prédio onde ocorreu a morte, sendo solicitada a expedição de </div><div align="left">ofício ao IML/RJ, em mais uma tentativa de localização do laudo necroscópico. Apenas uma certidão do IML Afrânio Peixoto foi fornecida, com o seguinte teor: “</div><div align="left"><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">Registro de Cadáveres, às fls 03, que na data de 06/02/71, deu entrada no Serviço de Necropsias, o corpo de Aderval Alves Coqueiro, tendo sido encaminhado pelo DOPS, com a </span></span></i></div><div align="left"><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">guia de remoção s/n., com a idade de 33 anos, brasileiro, casado, profissão: datilógrafo, residência: Rua Bandeirantes 10-B, Diadema, São Paulo, tendo a morte ocorrida</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">”.</span></span></i></div><div align="left">em conseqüência de crime, sendo a causa mortis ferida transfixante do tórax – lesão do pulmão direito</div><div align="left">O episódio teve grande repercussão na imprensa porque Aderval Alves Coqueiro foi o primeiro banido encontrado no Brasil pelos órgãos de segurança. Franquearam o acesso de </div><div align="left">fotógrafos ao local, mas não exibiram o ocorrido para a imprensa. Salvo a presença do revólver junto ao corpo, não foi apresentada qualquer indicação precisa comprovando a alegada </div><div align="left">resistência a tiros. Na CEMDP, as fotos obtidas junto à Agência JB representaram uma prova conclusiva da falsidade da versão oficial, pois as manchas de sangue no piso sugeriam </div><div align="left">que o corpo fora arrastado e evidenciaram que Coqueiro não fora abatido exatamente no local onde se encontrava o corpo. Tampouco o revólver poderia estar na posição em que se </div><div align="left">via na foto. Mostraram, ainda, outras lesões não referidas nas informações do IML: nítidos sinais de ferimentos na cabeça, na nádega esquerda e na perna direita.</div><div align="left">Após o voto favorável do relator, houve pedido de vistas ao processo. O revisor, Luís Francisco Carvalho Filho, acompanhou o voto do relator.</div>A CEMDP concluiu que Coqueiro não morreu conforme a versão oficial.<br />
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+ detalhes<br />
</td></tr><br />
<tr><td colspan="2"><br />
<div class="class=" tpess="">Biografia</div>Militante do MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO TIRADENTES (MRT).<br />
Nasceu, em 18 de julho de 1937, em Aracatu, BA, filho de José Augusto Coqueiro e Jovelina Alves Coqueiro. Casado com Isaura, teve duas filhas.<br />
De origem operária, iniciou cedo sua militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Como candango participou da construção de Brasília. Desligando-se do PCB, integrou o Comitê Regional do Partido Comunista do Brasil (PC do B), centrando suas atividades na zona rural. Também participou da Ala Vermelha.<br />
Desde 1961 vivia em São Paulo onde trabalhava como operário da construção civil.<br />
Preso em 29 de maio de 1969, na 2ª Companhia da Polícia do Exército (PE), em São Paulo. Mais tarde, foi transferido para o DOPS/SP e torturado pelo Delegado Sérgio Fleury. Em junho de 1970, foi banido do território brasileiro, quando do seqüestro do embaixador da Alemanha no Brasil, Von Holleben, indo para a Argélia com outros 39 companheiros. De imediato, procurou reunir condições de voltar ao país para retomar a luta, sendo o primeiro banido a conseguir voltar.<br />
Coqueiro regressou ao Brasil no dia 31 de janeiro de 1971, indo morar em um apartamento no bairro Cosme Velho, Rio de Janeiro, onde foi localizado e morto no dia 6 de fevereiro de 1971.<br />
Segundo testemunhas, uma grande área do bairro foi cercada pelos agentes policiais, com o objetivo de evitar sua fuga. Assim que os policiais do DOI-CODI/RJ invadiram o apartamento, começaram a atirar. Coqueiro tentou fugir, mas foi abatido pelas costas, no pátio interno do prédio.<br />
Jornais da época noticiaram como sendo mais uma morte em violento tiroteio. Algumas revistas publicaram fotos onde Coqueiro jazia no chão, estando cerca de 30 cm de sua mão estendida um revólver, que ele não chegou a portar. Mais uma farsa dos agentes da repressão para encobrir um frio assassinato.<br />
Seu corpo entrou no IML com guia s/n. do DOPS. O óbito foi firmado pelo Dr. João Guilherme Figueiredo e teve como declarante Reinaldo da Fonseca Mota e foi entregue à sua família, que o sepultou no Cemitério de Inhaúma (RJ), em 14 de fevereiro de 1971.<br />
Com o intuito de restabelecer a verdade, 25 anos depois a Comissão de Familiares voltou ao prédio onde ocorreu a execução de Aderval e ouviu a versão de Francisco Soares, antigo zelador do prédio, a qual reproduzimos abaixo:<br />
"(...) nesse mesmo dia, após algumas horas, cheguei à janela e vi que o prédio estava cercado por uma centena de policiais civis e a Polícia do Exército, logo depois, o prédio foi invadido por vários homens armados, e foram direto para o apartamento 202. Nesse momento, um oficial mandou que eu saísse da janela. Posteriormente, escutei um militar gritar 'atira e mata'. Logo depois escutei uma grande gritaria nos fundos do prédio e vários disparos de armas, que durou somente alguns segundos. Escutei uma pessoa falar 'temos presunto fresco'.<br />
(...) quando eu cheguei nos fundos, onde encontra-se a piscina, vi o rapaz do apartamento 202 estirado no chão, perguntaram se eu o conhecia, disse que era a pessoa que estava limpando o apartamento 202, me responderam que ele era um perigoso subversivo chamado 'Baiano Coqueiro'. Observei várias marcas de tiros, não sabendo dizer quantas, estando ele somente de calção, sem camisa e desarmado. Também ouvi o policial dizer 'bota a arma do lado dele' ..."<br />
Nas pesquisas feitas no IML não foram encontrados laudo de necrópsia, nem laudos e fotos de perícia local no Instituto de Criminalística do Estado (ICE/RJ), apesar da existência das fotos fornecidas, à época, para imprensa. Posteriormente, foi encontrado o laudo médico no arquivo do DOPS/SP.</span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">atira e mata</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">”. O zelador contou ainda que foi chamado pelos policiais para prestar informações sobre a vítima e </span></span></i></b></div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">06/02/1971, no Rio de Janeiro</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"></span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">erida </span></span></i></b></b></b></b></div><br />
<hr /><br />
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Cartaoberro mailing list<br />
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http://serverlinux.revistaoberro.com.br/mailman/listinfo/cartaoberro</div>Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-56572740597776100262011-02-16T07:50:00.001-08:002011-02-16T07:50:52.882-08:00História de THOMAZ ANTÔNIO DA SILVA MEIRELLES NETTO -XXXV-- Vanderley_Revista<div> Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto <br />
Thomaz Meirelles Neto nasceu em 1937, em Parintins, no Amazonas. Aos 21 anos, veio para o Rio onde participou, pela UBES e UNE, da direção e da organização das manifestações culturais e políticas dos estudantes. Simultaneamente à sua atividade de jornalista, participou do Centro Popular de Cultura, o CPC da UNE, ocasião em que travou contato com a pobreza e a miséria do povo brasileiro - dos alagados do Recife às minas de carvão de Santa Catarina.<br />
<br />
No comêço da militância, une-se ao PCB. Mais tarde, abraçou a causa da ALN.<br />
<br />
Por falta de recursos para estudar, Thomaz solicitou bolsa para completar sua formação universitária na antiga União Soviética e foi para Moscou, em 1962, onde cursou a Faculdade de Filosofia. Em 1969, regressou ao Brasil.<br />
<br />
Aos poucos meses da chegada, foi ele obrigado a agir em total clandestinidade. Thomaz nunca pôde ter nos braços seu filho, nascido em 1967. Em 1970, foi preso e torturado. Liberado três anos depois, retorna à luta clandestina.<br />
<br />
Durante esse último período, sua família foi perseguida, culminando com a prisão de Miriam Marreiros Meirelles, sua mulher, que também foi torturada para informar o paradeiro do marido.<br />
<br />
Thomaz foi novamente preso no dia 7 de maio de 1974, no Leblon, e nunca mais foi visto. Seu nome consta da lista de pessoas desaparecidas, tendo sua morte sido reconhecida em declarações de um agente da repressão. O livro "Brasil Nunca Mais " retrata a primeira prisão de Thomaz, em 1972, e o julgamento que o condenou a três ano e meio como caso ilustrativo do funcionamento tragicômico da Justiça Militar naquele período. Diz a acusação: "Nove anos passados na União Soviética servem de prova da intenção de delinqüir " ...<br />
<br />
No dizer de um amigo, Thomaz era fascinante. Combatente dos mais procurados pela ditadura, era a antítese da figura geralmente associada ao guerrilheiro. Thomaz gostava de si mesmo e se tratava bem. E era bonito, sabendo cultivar seu encanto pessoal. De interesse diverso, não era ele um fundamentalista dos que se encaramujam na ação estritamente política. Apreciava a obra dos escritores existencialistas e o chamado teatro do absurdo. Espírito aberto, crítico, inquieto, rara combinação de radicalismo e tolerância.<br />
<br />
À Thomaz, senhor de seus dias, a nossa homenagem e admiração.<br />
<br />
<br />
========================================================================================================<br />
+ detalhes<br />
<br />
THOMAZ ANTÔNIO DA SILVA MEIRELLES NETTO (1937 - 1974)<br />
<br />
Filiação: Togo Meirelles e Maria Garcia Meirelles<br />
<br />
Data e local de nascimento: 01/07/1937, em Parintins (AM)<br />
<br />
Organização política ou atividade: ALN<br />
<br />
Data e local do desaparecimento: 07/05/1974, no Rio de Janeiro<br />
<br />
Jornalista e sociólogo, dirigente da ALN, o amazonense Thomaz Meirelles desapareceu em 07/05/1974, no Rio de Janeiro. Natural de<br />
<br />
Parintins (AM), chegou ao Rio de Janeiro em 1958, onde teve início seu engajamento político, participando do movimento secundarista<br />
<br />
através da UBES e, depois de iniciar a universidade, através da UNE. Em 1961, atuou abertamente na resistência em defesa da legalidade<br />
<br />
constitucional, contra a tentativa de golpe militar que se seguiu à renúncia do presidente Jânio Quadros.<br />
<br />
Paralelamente à sua atividade profissional como jornalista, contribuiu na organização de inúmeras manifestações culturais e políticas no<br />
<br />
final dos anos 50 e início dos anos 60, por meio do Comitê Popular de Cultura da UNE. Sua militância partidária começou no PCB, tendo<br />
<br />
depois ingressado na ALN. Casado com a jornalista Miriam Marreiro, teve com ela dois filhos, Larissa e Togo.<br />
<br />
Cumprindo todos os trâmites legais em relação a um país com o qual o Brasil mantinha relações diplomáticas normais, Thomaz Meirelles<br />
<br />
solicitou uma bolsa de estudos para continuar sua formação universitária e seguiu para a União Soviética, em 1962, onde cursou Filosofia<br />
<br />
na Universidade Central de Moscou.<br />
<br />
Retornou ao Brasil em 13/11/1969, já na polarizada conjuntura repressiva do início do governo Médici. Poucos meses depois, foi obrigado a<br />
<br />
viver na clandestinidade. Preso pela primeira vez em 18/12/1970, quando transitava na Rua da Alfândega (Rio de Janeiro), foi levado para<br />
<br />
o DOI-CODI e lá sofreu a violência das torturas. Posteriormente, foi condenado a três anos e seis meses de prisão. Cumpriu condenação por<br />
<br />
suas atividades políticas na ALN, existindo em seu processo judicial forte carga contra o fato de ter estudado na União Soviética. Libertado<br />
<br />
em 17/11/1972, mais uma vez foi obrigado a refugiar-se na clandestinidade. Thomaz Meirelles foi preso pela última vez em 07/05/1974,<br />
<br />
no bairro do Leblon, Rio de Janeiro, e a partir dessa data nunca mais visto. Após o seu desaparecimento, foi julgado à revelia, em São Paulo,<br />
<br />
pela 2ª Auditoria Militar, sendo condenado à pena de dois anos de reclusão.<br />
<br />
O nome de Thomaz consta da lista de pessoas consideradas desaparecidas e assumidas como mortas por um general responsável pelo<br />
<br />
aparelho repressivo, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em 28/01/1979. Notícia veiculada pelo Correio da Manhã do Rio de Janeiro,<br />
<br />
de 03/08/1979, afirma que 14 desaparecidos políticos foram mortos pelos serviços secretos das Forças Armadas e dentre eles está o nome<br />
<br />
de Thomaz. A reportagem da Folha de S. Paulo ouviu de dois generais e de um coronel essa informação. Em 15/04/1987, a revista IstoÉ, na<br />
<br />
reportagem Longe do Ponto Final, publicou declarações do ex-médico militar Amílcar Lobo de que havia visto Thomaz no DOI-CODI no Rio<br />
<br />
de Janeiro, sem precisar a data.<br />
<br />
O chamado "livro negro sobre o terrorismo no Brasil", produzido pelo CIE entre 1986 e 1988, num trecho delirante que depõe contra a<br />
<br />
credibilidade e seriedade do documento, registra que, em junho de 1966 "o Comitê Central do PCB realizou uma reunião, na qual criou<br />
<br />
uma Seção de Trabalhos Especiais que, entre outras atribuições, tinha o encargo principal de preparar o Partido para a luta armada. No mês<br />
<br />
seguinte, enviou 10 militantes para realizarem um curso de guerrilha em Moscou", sendo que o nome de Thomaz Meirelles é incluído entre<br />
<br />
esses 10. Daí a necessidade de tratar com muita reserva a informação incluída na página 776 desse controvertido documento secreto, de<br />
<br />
que Meirelles teria executado, em junho de 1973, um militante da RAN que tinha sido preso e ajudou os órgãos de segurança a montar a<br />
<br />
emboscada em que foi morto Merival Araújo, da ALN. Vale a mesma ressalva a respeito da acusação, incluída em documentos dos órgãos<br />
<br />
de segurança, de que Thomaz teria participado da execução do delegado Octavio Gonçalves Moreira Junior, do DOI-CODI/SP e do CCC, em<br />
<br />
Copacabana, em fevereiro de 1973.<br />
<br />
Nos arquivos secretos do DOPS/SP foi descoberto um documento onde consta que Thomaz foi "novamente preso em 07/05/1974, quando<br />
<br />
viajava do Rio de Janeiro para São Paulo". O Relatório do Ministério da Marinha, assinado pelo Ministro Ivan Serpa, relata: "DEZ/72, preso<br />
<br />
anteriormente e liberado na primeira semana de dez/72, preso novamente no dia 07/mai/74, entre o Rio de Janeiro para São Paulo". O nome<br />
<br />
de Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.<br />
<br />
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<!--~-|**|PrettyHtmlStart|**|-~--></div>Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-24865048920036396882011-02-16T07:39:00.000-08:002011-02-16T07:39:11.100-08:00CARLOS ALBERTO SOARES DE FREITAS - Vanderley-Revista<div><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><div align="left">C</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ARLOS </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">A</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">LBERTO </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">S</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">OARES DE </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">F</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">REITAS</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Dirigente da VANGUARDA ARMADA REVOLUCIONÁRIA PALMARES (VARPALMARES).</div><div align="left">Nasceu em Belo Horizonte, em 12 de agosto de 1939, filho de Jayme Martins de Freitas e Alice Soares de Freitas.</div><div align="left">Desaparecido desde 1971, aos 32 anos.</div><div align="left" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://img201.imageshack.us/img201/1531/carlosalbertosoaresdeso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" j6="true" src="http://img201.imageshack.us/img201/1531/carlosalbertosoaresdeso.jpg" /></a>Caçula de oito irmãos, Beto era um homem reservado e discreto, solteiro, de uma insuspeitada timidez, o que Ihe conferia um certo charme, sempre despertando </div><div align="left">paixões.</div><div align="left">Corpo atlético, perfeito, extremamente terno, cavalheiro, educado, arisco, jogador de basquete, prêmios de natação.</div><div align="left">Filho amoroso, nunca deixou de se corresponder com os pais, mesmo durante a clandestinidade.</div><div align="left">O curso primário foi feito no Colégio São Francisco e no Grupo Escolar Manoel Esteves, em Teófilo Otoni. O curso secundário, nos Colégios Anchieta e Tristão </div><div align="left">de Ataíde, em Belo Horizonte. Ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas (FACE/UFMG) para cursar Sociologia e Política, em 1961.</div><div align="left">Nesse mesmo ano, iniciou sua trajetória de militância política na POLOP e inscreveu-se no Partido Socialista Brasileiro (PSB), tendo se dedicado, desde o início, </div><div align="left">inteiramente à política.</div><div align="left">Viajou para Cuba, em janeiro de 1962, para as comemorações da Revolução Cubana.</div><div align="left">Escolhido pelos seus companheiros da POLOP, buscava obter maiores informações sobre a Revolução Socialista.</div><div align="left">No período de 1961 a 1965, militou no movimento estudantil e participou, também, do trabalho de implantação das Ligas Camponesas em Minas Gerais, dentro </div><div align="left">da perspectiva política da aliança operário-camponesa-estudantil.</div><div align="left">Logo após o golpe militar de 1964, recebeu determinações da Direção Nacional da POLOP para que se transferisse para o Rio de Janeiro.</div><div align="left">No entanto, dois meses depois estava de volta.</div><div align="left">Foi preso, em flagrante, pichando muros em Belo Horizonte, no dia 26 de julho de 1964 – com palavras de ordem contra o isolamento cubano imposto pela </div><div align="left">OEA e contra a ditadura militar – e levado para o DOPS. Posteriormente, foi transferido para a Penitenciária Agrícola de Neves e solto, em novembro do </div><div align="left">mesmo ano, por meio de um </div><div align="left">Beto participou, em 1965, da reorganização da seção regional do PSB, tornando-se um dos membros do Comitê Executivo do partido, além de dirigente </div><div align="left">nacional da POLOP, em Minas Gerais.</div><div align="left">No período de 1965 a 1968, além de outras tarefas, escreveu semanalmente, artigos para o jornal operário "</div><div align="left">Em 1967, Beto foi julgado e condenado, à revelia, a dois anos de prisão pela Auditoria do Exército da 4ª Região Militar, em Juiz de Fora.</div><div align="left">Em 1968 foi eleito para a Direção Nacional do COLINA e elaborou, junto com outros companheiros, documentos de análise política para discussões internas na </div><div align="left">organização, usando o pseudônimo de Fernando Ferreira. Nesse período, foi um dos diretores da revista “</div><div align="left">Entrou para a clandestinidade, mudando-se para o Rio de Janeiro, no mês de janeiro de 1969.</div><div align="left">Foi preso, novamente, no dia 15 de fevereiro de 1971, junto com Antônio Joaquim Machado (também desaparecido) e Sérgio Emanuel Dias, na pensão onde </div><div align="left">moravam na rua Farme de Amoedo, n° 135, em Ipanema. Foram levados para o quartel da PE, na rua Barão de Mesquita, onde ficavam as dependências do </div><div align="left">DOI-CODI.</div><div align="left">Segundo Eduardo, seu irmão, quatro dias após sua prisão, a família recebeu uma carta escrita pelo próprio Carlos Alberto, onde ele lhes comunicava que, </div><div align="left">quando o documento chegasse ao seu destino, era sinal de que teria sido detido pelos órgãos de repressão e, em decorrência disso, todas as medidas </div><div align="left">necessárias à sua localização deveriam ser tomadas pela família.</div><div align="left">Foram acionados vários advogados buscando a sua localização: Sobral Pinto, Oswaldo Mendonça e Antônio Modesto da Silveira.</div></span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">Habeas Corpus</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">.</span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">Piquete</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">".</span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">América Latina”</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">.</span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Habeas-corpus</div><div align="left"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">relator o ministro Nelson Sampaio.</span></span></div><div align="left">Inúmeros apelos em caráter dramático foram enviados pelos pais e familiares de Beto às mais altas autoridades do País: Generais Médici, Geisel e Figueiredo e </div><div align="left">ao ministro do STM, Rodrigo Otávio Jordão Ramos.</div><div align="left">Várias buscas foram feitas na Base Aérea do Galeão – conhecido centro de tortura no ano de 1971 – na Ilha das Flores, na Vila Militar, na 4ª Região Militar, em </div><div align="left">Juiz de Fora, e em Salvador. Foi muito procurado por pessoas conhecidas em outros Estados.</div><div align="left">Na delegacia de Itaguaí, em junho de 71, Eduardo Soares de Freitas viu um cartaz de "terroristas procurados", exibindo a foto de Beto, riscada com um xis . Em </div><div align="left">depoimento de Inês Etienne Romeu, ficou-se sabendo que Beto havia sido preso em São Paulo nesta mesma ocasião e conduzido, posteriormente, a um centro </div><div align="left">clandestino de tortura da repressão, situado no interior do Estado do Rio, onde permaneceu por um período de 100 dias. Inês ouviu dos seus torturadores que </div><div align="left">Beto fora preso, torturado e assassinado a tiros de revólver naquele local, identificado depois como a "Casa da Morte" em Petrópolis/RJ.</div><div align="left">Vários outros presos políticos denunciaram a prisão, tortura e morte de Carlos Alberto Soares de Freitas.</div><div align="left">O psicanalista Amílcar Lobo reconheceu, através de fotos, 10 pessoas que haviam sido torturadas no Quartel da PE, durante o período em que lá serviu (1970 a </div><div align="left">1974), entreeles Carlos Alberto Soares de Freitas.</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, impetrado junto ao STM, tomou o número 30.405, com entrada no dia 12 de março de 1971 (menos de um mês após a prisão), atuando como </span></span></i></i></i></i></i></b></div>Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-58352935066450057142011-02-16T05:54:00.000-08:002011-02-16T05:54:09.982-08:00<div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: large;"><b><i><span style="font-size: 13.5pt;">Z</span></i></b><b><i><span style="font-size: 10.5pt;">ULEIKA </span></i></b><b><i><span style="font-size: 13.5pt;">A</span></i></b><b><i><span style="font-size: 10.5pt;">NGEL </span></i></b><b><i><span style="font-size: 13.5pt;">J</span></i></b><b><i><span style="font-size: 10.5pt;">ONES</span></i></b></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Nasceu em Curvelo, MG, em 5 de junho de 1923, filha de Pedro Netto e Francisca </span><span style="font-size: 11.5pt;">Gomes Netto. Mais tarde sua família se mudou para Belo Horizonte, onde fez o </span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><a href="http://img217.imageshack.us/img217/9949/zuleikaangel1.png" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" j6="true" src="http://img217.imageshack.us/img217/9949/zuleikaangel1.png" /></a><span style="font-size: 11.5pt;">curso </span><span style="font-size: 11.5pt;">primário no Grupo Escolar Barão do Rio Branco e o ginasial no Colégio Sagrado Coração </span><span style="font-size: 11.5pt;">de Jesus.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Ousada, criativa, inovadora, anti-militarista, talentosa, corajosa, envolvente, </span><span style="font-size: 11.5pt;">charmosa e alegre. É essa a definição da personalidade da estilista Zuzu Angel.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Começou sua carreira como costureira e, mais tarde, tornou-se “designer”,</span><span style="font-size: 11.5pt;">transformando panos de colchão, fitas de gorgurão, rendas do norte, pedras preciosas,</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">estampados de pássaros e papagaios, babados e zuartes em saias, chales e vestidos </span><span style="font-size: 11.5pt;">maravilhosos, criando uma moda brasileira capaz de encantar o mundo</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">O anjo era a logomarca de sua confecção. Seu princípio era a liberdade. Criava uma </span><span style="font-size: 11.5pt;">moda autêntica - a partir de suas raízes e origens de sua vida e emoções. A natureza </span><span style="font-size: 11.5pt;">brasileira estava presente em suas roupas, através das flores, pássaros e borboletas.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Morta aos 49 anos de idade, em 14 de abril de 1976, às 3:00 horas, na Estrada da </span><span style="font-size: 11.5pt;">Gávea, à saída do Túnel Dois Irmãos (RJ).</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Figurinista conhecida internacionalmente como Zuzu Angel, era mãe do militante </span><span style="font-size: 11.5pt;">Stuart Angel Jones, desaparecido político, preso em 14 de maio de 1971 pelos agentes do </span><span style="font-size: 11.5pt;">CISA, onde foi torturado e assassinado.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">O preso político Alex Polari de Alverga, escreveu da prisão – logo após a morte de Stuart</span><span style="font-size: 11.5pt;">– carta a Zuzu Angel, onde narrava as torturas sofridas por seu filho. Alex presenciou Stuart ser </span><span style="font-size: 11.5pt;">arrastado por um jipe pelo pátio interno da Base Aérea do Galeão, com a boca no cano de </span><span style="font-size: 11.5pt;">descarga do veículo. Também ouviu os gritos de Stuart – numa cela ao lado – pedindo água e </span><span style="font-size: 11.5pt;">dizendo que ia morrer e, pouco depois, seu corpo foi retirado da cela. Este depoimento de Alex </span><span style="font-size: 11.5pt;">consta do vídeo “<i>Sônia Morta e Viva</i>”, produzido e dirigido por Sérgio Waisman, em 1985.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Zuzu Angel incansavelmente denunciou as torturas, morte e ocultação do cadáver de </span><span style="font-size: 11.5pt;">Stuart, tanto no Brasil como no exterior. Em vários de seus desfiles no exterior denunciou a </span><span style="font-size: 11.5pt;">morte do filho para a imprensa estrangeira e a deputados norte-americanos, entregando em </span><span style="font-size: 11.5pt;">mãos uma carta a Henry Kissinger, na época Secretário de Estado do Governo norteamericano, </span><span style="font-size: 11.5pt;">visto que seu filho também tinha a cidadania americana.Sua atitude e a </span><span style="font-size: 11.5pt;">abrangência das denuncias, apesar da férrea censura, desnudavam o que a ditadura tentava </span><span style="font-size: 11.5pt;">esconder, os desaparecidos.</span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Zuzu passou, então a fazer - como ela mesma classificaria - “a primeira coleção de </span><span style="font-size: 11.5pt;">moda política da história”, usando estampas com silhuetas bélicas, pássaros engaiolados e </span><span style="font-size: 11.5pt;">balas de canhão disparadas contra anjos. O anjo tornou-se o símbolo de Tuti, o filho </span><span style="font-size: 11.5pt;">desaparecido - caracterizando suas coleções de moda: anjos amordaçados, meninos </span><span style="font-size: 11.5pt;">aprisionados, sol atrás das grades, jeeps e quépis.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Durante cinco anos, buscou reaver o corpo de Stuart, cuja morte e prisão jamais </span><span style="font-size: 11.5pt;">foram admitidos pelos órgãos de segurança. O atrevimento, a criatividade, a audácia e até </span><span style="font-size: 11.5pt;">mesmo o bom humor foram as armas que ela usou contra a ditadura.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Soube tirar proveito de sua fama, para envolver, a favor da sua causa, inúmeros </span><span style="font-size: 11.5pt;">clientes e amigos importantes: Joan Crawford, Kim Novak, Veruska, Liza Minelli, Jean </span><span lang="EN-US" style="font-size: 11.5pt; mso-ansi-language: EN-US;">Shrimpton, Margot Fontein, Henry Kissinger, Ted Kennedy, entre outros.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Dizia sempre: “Eu não tenho coragem, coragem tinha meu filho. Eu tenho legitimidade”.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">O acidente de automóvel em que veio a morrer foi bastante estranho, não ficando </span><span style="font-size: 11.5pt;">claro até hoje as circunstâncias dessa tragédia. Há testemunhas que afirmam que havia um </span><span style="font-size: 11.5pt;">jipe do Exército, logo após o acidente, na saída do túnel Dois Irmãos.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Ela própria denunciou seu fim: ”Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, </span><span style="font-size: 11.5pt;">terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Seu óbito, de n° 384, foi firmado pelo Dr. Higino de Carvalho Hércules, que </span><span style="font-size: 11.5pt;">confirma a versão policial de morte em acidente.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Uma semana antes do acidente que a vitimou fatalmente, Zuzu deixara na casa de </span><span style="font-size: 11.5pt;">Chico Buarque, um documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Sua postura diante da vida, sua força e sua garra, inspiraram Chico Buarque que </span><span style="font-size: 11.5pt;">compôs a música “Angélica”, onde ele pergunta, quem é essa mulher?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none;"><span style="font-size: 11.5pt;">Zuzu Angel foi sepultada pela família, em 15 de abril de 1976, no Cemitério São </span><span style="font-size: 11.5pt;">João Batista, Rio de Janeiro.</span></div></div><hr />Cartaoberro mailing list<br />
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http://serverlinux.revistaoberro.com.br/mailman/listinfo/cartaoberroBarbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-48723993737364506672011-02-09T12:04:00.000-08:002011-02-09T12:04:36.647-08:00História de JOSÉ RAIMUNDO DA COSTA -XXX- - Vanderley-Revista<div><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="http://img834.imageshack.us/img834/9346/cartazcomdesaparecidos1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://img834.imageshack.us/img834/9346/cartazcomdesaparecidos1.jpg" /></a></div><div align="left">J</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">OSÉ </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">R</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">AIMUNDO DA </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">C</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">OSTA</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Dirigente da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR).</div><div align="left">Ex-sargento da Marinha, participou junto com Carlos Lamarca e outros da Guerrilha no Vale do Ribeira (SP).</div><div align="left">José Raimundo era perseguido, não só por ser dirigente da VPR, como também por sua participação no movimento dos marinheiros em 1964.</div><div align="left">Morto aos 32 anos de idade, no Rio de Janeiro, em 05 de agosto de 1971, após ter sido preso e torturado no DOI-CODI/RJ.</div><div align="left">Respondeu a alguns processos e estava com prisão preventiva decretada pela 2ª Auditoria da 2ª Região Militar.</div><div align="left">Seu corpo foi encontrado em terreno baldio na Rua Otacílio Nunes, em frente ao n° 80, no Bairro de Pilares (RJ). Preso em São Paulo e trazido para o Rio de</div><div align="left">Janeiro e, embora estivesse usando o nome de Odwaldo Clóvis da Silva, o CIE informou ao DOPS/RJ que se tratava de José Raimundo da Costa. Em </div><div align="left">documento do arquivo do DOPS/RJ, o Comissário Jayme Nascimento, do citado órgão informou que às “7:00 horas pelo telefone, o Cel. Sotero, Oficial de </div><div align="left">Permanência do CIE, comunicou que, em uma travessa próxima à Rua Otacílio Nunes, em Pilares, havia sido morto um elemento subversivo de nome José</div><div align="left">Raimundo da Costa, quando reagiu à prisão numa diligência efetuada por elementos pertencentes ao Serviço de Segurança do Exército.”</div><div align="left">Inês Etienne Romeu, em seu Relatório sobre sua prisão na “Casa da Morte”, em Petrópolis, afirma que, em 04 de agosto de 1971, ouviu o torturadorLaurindo </div><div align="left">informar aos torturadores, Dr. Bruno e Dr. César, que José Raimundo havia sido preso numa barreira. </div><div align="left">Posteriormente, outro torturador, Dr. Pepe, lhe disse que José Raimundo foi morto vinte e quatro horas após sua prisão, num “teatrinho” montado numa rua do </div><div align="left">Rio de Janeiro.</div><div align="left">O corpo de José Raimundo entrou no IML/RJ no mesmo dia de sua morte, pela Guia n° 59, da 24ª D.P., com o nome de Odwaldo Clóvis da Silva, sendo </div><div align="left">necropsiado pelos Drs. Hygino de Carvalho Hércules e Ivan Nogueira Bastos, que confirmam a falsa versão oficial da repressão de que foi morto em tiroteio.</div><div align="left">Foram, ainda, encontrados laudo (Ocorrência n° 596/71) e fotos de perícia do local (ICE n° 3.916/71).</div><div align="left">Apesar de ser identificado, José Raimundo foi enterrado como indigente no Cemitério de Ricardo Albuquerque (RJ), em 09 de setembro de 1971, na cova </div><div align="left">23.538, quadra 16. No livro de saída de indigentes do IML, ao lado de seu nome, está manuscrita a palavra: “Subversivo”.</div><div align="left">Em 01 de outubro de 1979 seus restos mortais foram transferidos para um ossário geral e, em 1980/1981, foram levados para a vala clandestina.</div><div align="left">=========================================================================================</div><div align="left">+ detalhes.</div><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><div align="left">JOSÉ RAIMUNDO DA COSTA (1939-1971)</div></span></span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left"></div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"> </span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left">Filiação: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">Maria Aleixo dos Santos e Manoel Raimundo da Costa</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left">Data e local de nascimento: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">28/12/1939, Recife (PE)</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left">Organização política ou atividade: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">VPR</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left">Data e local da morte: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">05/08/1971, Rio de Janeiro</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"></span></span><div align="left"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"></span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">às 7h - pelo telefone, o coronel Sotero, Oficial de Permanência do C.I.E, comunicou que, em</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">”.</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerifLight; font-size: xx-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerifLight; font-size: xx-small;"></span></span><div align="left"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">que confirmaram a versão oficial de morte em tiroteio. Em laudo do Instituto Carlos Éboli , os peritos registram: “</span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">os pulsos da vítima</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">”. Na foto de seu corpo, a olho nu, se pode perceber a marca evidente das algemas que</span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">considerando-se como provas o depoimento de Inês Etienne Romeu, as evidentes</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">”.</span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">O ano em que meus pais saíram de férias</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">, de Cao Hamburguer, evoca lembranças do</span></span><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"></span></span></span></i></i></i></div><div align="left">apresentavam hematomas em toda a sua extensão</div><div align="left">prendiam os pulsos de José Raimundo.</div><div align="left">José Raimundo foi uma das vítimas do agente infiltrado José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo. Esse fato foi comprovado por documento</div><div align="left">localizado no arquivo do DOPS/SP, onde Anselmo menciona seus encontros com José Raimundo e registra as possibilidades de contatos</div><div align="left">com ele. Inês Etienne Romeu, no relatório que escreveu sobre o período em que esteve seqüestrada no sítio clandestino de Petrópolis (RJ),</div><div align="left">afirma que, em 04/08/1971, ouviu o carcereiro “Laurindo” informar aos agentes policiais “Bruno” e “César” que José Raimundo havia sido</div><div align="left">preso numa barreira. Posteriormente, outro carcereiro, “Dr. Pepe”, lhe disse que José Raimundo foi morto 24 horas após sua prisão, numa</div><div align="left">encenação montada em uma rua do Rio de Janeiro.</div><div align="left">O relatório para votação final na CEMDP observou que, “</div><div align="left">marcas de algemas nos pulsos, as contradições entre os documentos do Instituto Carlos Éboli /RJ e do DOPS, o laudo com nome falso e o enterro</div><div align="left">como indigente e, acima de tudo, o controle a que estava submetido José Raimundo nos contatos com o agente infiltrado José Anselmo</div><div align="left">e a necessidade extrema de eliminá-lo para poder dirigir a VPR, fica evidenciado que a versão oficial de tiroteio divulgada pelos órgãos de</div><div align="left">repressão serviu para encobrir o assassinato sob torturas de José Raimundo da Costa</div><div align="left">Lançado em 2006 e várias vezes premiado, o filme </div><div align="left">diretor em sua infância, quando seus pais, Amélia e Ernest Hamburguer, professores de Física na USP, foram presos em São Paulo como</div><div align="left">integrantes de um grupo de arquitetos, artistas e intelectuais (entre eles Lina Bo Bardi, Augusto Boal, Flávio Império, Sérgio Ferro e outros)</div><div align="left">que seriam presos ou perseguidos por ajudarem militantes da VPR e da ALN. A principal acusação contra os pais do cineasta foi, exatamente,</div><div align="left">ter abrigado em sua residência José Raimundo da Costa e sua esposa, em 1970.</div></i></div><div align="left">O ex-sargento da Marinha José Raimundo da Costa era casado com Gisélia Morais da Costa e tinha dois filhos. Importante dirigente da Vem 1970 e 1971, conhecido como “Moisés”,</div><div align="left">participou, segundo informações dos órgãos de segurança, de várias ações armadas, inclusive</div><div align="left">do seqüestro do cônsul japonês em São Paulo. Foi morto no Rio de Janeiro, em 05/08/1971, após ter sido preso pelo DOI-CODI/RJ.</div><div align="left">Apesar de os organismos de segurança terem conhecimento pleno sobre sua verdadeira identidade, José Raimundo foi enterrado sob identidade</div><div align="left">falsa no Cemitério de Ricardo Albuquerque. No livro de saída de indigentes do IML, ao lado de seu nome, está manuscrita a palavra</div><div align="left">“subversivo”. Em 01/10/1979, seus restos mortais foram transferidos para um ossuário geral e, entre 1980 e 1981, foram levados para uma</div><div align="left">vala clandestina.</div><div align="left">A versão oficial dos órgãos de segurança sobre a morte de José Raimundo é de que ele reagiu à prisão e foi morto por elementos da Inteligência do</div><div align="left">Exército, no dia 05/08/1971, em uma travessa próxima à rua Otacílio Nunes, no bairro carioca de Pilares. Em documento localizado no DOPS/RJ, de</div><div align="left">05/08/71, o comissário Jayme Nascimento registra que “</div><div align="left">uma travessa próxima à rua Octacilio Nunes, em Pilares, havia sido morto um elemento subversivo de nome José Raimundo da Costa, quando reagiu</div><div align="left">à prisão numa diligência efetuada por elementos pertencentes ao Serviço de Segurança do Ministério do Exército</div><div align="left">Entretanto, na mesma data, seu corpo deu entrada no IML/RJ, com o nome de Odwaldo Clóvis da Silva. Ou seja, apesar de já identificado</div><div align="left">como José Raimundo, sua necropsia foi lavrada com falsa identidade pelos legistas Hygino de Carvalho Hércules e Ivan Nogueira Bastos,</div></b></b></b></b></b></span></span></i></b></div><br />
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<div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="http://img201.imageshack.us/img201/5982/marciobeckmachado3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://img201.imageshack.us/img201/5982/marciobeckmachado3.jpg" /></a></div><div align="left">M<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ÁRCIO </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">B</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ECK </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">M</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ACHADO</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Militante do MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO POPULAR (MOLIPO).</div><div align="left">Nasceu em 14 de dezembro de 1945, em São Paulo. Filho de Otávio Meneses Machado e Edna Beck Machado. Estudante de Economia da Universidade </div><div align="left">Mackenzie, em São Paulo.</div><div align="left">Foi preso no XXX Congresso da UNE, em 1968 e, em 1° de abril de 1970, teve sua prisão preventiva decretada. Foi indiciado, também, nos Inquéritos </div><div align="left">Policiais de números 7/72 e 9/72.</div><div align="left">Em 23/10/72, teve sua prisão preventiva decretada pela 2ª Auditoria Militar, referente a um outro processo de n° 100/72.</div><div align="left">Foi morto em combate, em maio de 1973, em um sítio entre as cidades de Rio Verde e Jataí, em Goiás, juntamente com Maria Augusta Thomaz, também </div><div align="left">desaparecida.</div><div align="left">Os agentes do DOI/CODI-SP comentaram abertamente com os presos políticos que se encontravam naquele órgão policial que Márcio e Maria Augusta haviam </div><div align="left">sido mortos, apesar de jamais terem admitido tal fato oficialmente.</div><div align="left">Conforme depoimentos colhidos por jornalistas, em 1980, o casal se encontrava na Fazenda Rio Doce, em Rio Verde, cerca de 240 quilômetros de Goiânia, por </div><div align="left">ocasião do assassinato. O fazendeiro Sebastião Cabral e seu empregado foram encarregados de enterrar os corpos de Márcio e Maria Augusta, esfacelados </div><div align="left">pelos tiros. Os policiais lhe recomendaram que o sepulamento fosse feito a “pelo menos 200 metros do asfalto”. Três homens foram à fazenda e exumaram seus </div><div align="left">restos mortais, ao saber das investigações sobre o caso, que iniciaram-se em 1980, deixando em covas abertas alguns dentes e pequenos ossos.</div><div align="left">No Boletim Informativo do Ministério do Exército de janeiro de 76, os nomes de Márcio Beck e Maria Augusta foram retirados da lista de procurados por </div><div align="left">serem considerados mortos.</div><div align="left">Em documento dos órgãos de repressão encaminhado ao Delegado Romeu Tuma, Diretor do Dops em 1978, foram assumidas as mortes de Beck e Maria </div><div align="left">Augusta.</div><div align="left">Mesmo assim, as autoridades policiais jamais informaram aos familiares a respeito dessas mortes.</div><div align="left">O Relatório do Ministério do Exército diz que “teria sido morto em tiroteio juntamente com Maria Augusta Thomaz, numa fazenda em Rio Verde/GO, no dia</div><div align="left">17/5/73.” O Relatório do Ministério da Marinha afirma que, “em maio/73, foi morto em Goiás, em tiroteio, durante ação de segurança.”</div></span></span><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"></span></div>Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-62606674721007292372011-02-09T11:52:00.000-08:002011-02-09T11:52:29.613-08:00História de Maria Augusta Thomaz - Vanderley-Revista<div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="http://img69.imageshack.us/img69/7555/md3012.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" height="320" src="http://img69.imageshack.us/img69/7555/md3012.jpg" width="237" /></a></div>Militante do MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO POPULAR (MOLIPO).<br />
<br />
Nascida a 14 de novembro de 1947, em Leme, Estado de São Paulo, filha de Aniz Thomaz e Olga Michael Thomaz. Foi morta aos 26 anos de idade, juntamente com Márcio Beck Machado.<br />
<br />
Estudante do Instituto Sedes Sapientae da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi indiciada no Inquérito Policial 15/68 por sua participação no XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, São Paulo, em 1968.<br />
<br />
Em 14 de janeiro de 1970 teve mandado de prisão expedido pela 2ª Auditoria da 2ª RM.<br />
<br />
Em 29 de setembro de 1972 foi condenada no Proc. 06/70, à revelia, à pena de 17 anos de prisão, e no proc. 100/72, à revelia, à pena de 5 anos de reclusão pela 2ª Auditoria da 2ª CJM.<br />
<br />
Em 27 de agosto de 1976, depois de três anos de seu assassinato, foi absolvida pelo STM por falta de provas concretas em outro processo.<br />
<br />
O Relatório do Ministério do Exército diz que “consta, segundo noticiário da imprensa, que teria sido morta em 17/5/73, durante confronto com as forças de segurança no interior da Fazenda “Rio Doce” em Rio Verde/GO, juntamente com Márcio Beck Machado... Segundo reportagens veiculadas pela imprensa, os proprietários da Fazenda enterraram os corpos no local em que foram mortos, por solicitação dos agentes que executaram a missão. Ainda, de acordo com o proprietário em 31/07/80, três elementos, dizendo-se do DPF, retiraram os restos mortais do local.”<br />
<br />
O Relatório do Ministério da Marinha, na mesma época diz que em “maio de 73 foi morta em Goiás em tiroteio, durante ação de segurança.”<br />
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+<br />
<b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><div align="left">M</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ARIA </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">A</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">UGUSTA </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">T</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">HOMAZ</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Militante do MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO POPULAR (MOLIPO).</div><div align="left">Nascida a 14 de novembro de 1947, em Leme, Estado de São Paulo, filha de Aniz Thomaz e Olga Michael Thomaz. Foi morta aos 26 anos de idade, </div><div align="left">juntamente com Márcio Beck Machado.</div><div align="left">Estudante do Instituto Sedes Sapientae da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi indiciada no Inquérito Policial 15/68 por sua participação no XXX </div><div align="left">Congresso da UNE, em Ibiúna, São Paulo, em 1968.</div><div align="left">Em 14 de janeiro de 1970 teve mandado de prisão expedido pela 2ª Auditoria da 2ª RM.</div><div align="left">Em 29 de setembro de 1972 foi condenada no Proc. 06/70, à revelia, à pena de 17 anos de prisão, e no proc. 100/72, à revelia, à pena de 5 anos de reclusão </div><div align="left">pela 2ª Auditoria da 2ª CJM.</div><div align="left">Em 27 de agosto de 1976, depois de três anos de seu assassinato, foi absolvida pelo STM por falta de provas concretas em outro processo.</div><div align="left">O Relatório do Ministério do Exército diz que “consta, segundo noticiário da imprensa, que teria sido morta em 17/5/73, durante confronto com as forças de </div><div align="left">segurança no interior da Fazenda “Rio Doce” em Rio Verde/GO, juntamente com Márcio Beck Machado... Segundo reportagens veiculadas pela imprensa, os </div><div align="left">proprietários da Fazenda enterraram os corpos no local em que foram mortos, por solicitação dos agentes que executaram a missão. Ainda, de acordo com o </div><div align="left">proprietário em 31/07/80, três elementos, dizendo-se do DPF, retiraram os restos mortais do local.”</div><div align="left">O Relatório do Ministério da Marinha, na mesma época diz que em “maio de 73 foi morta em Goiás em tiroteio, durante ação de segurança.”</div>Mais informações ver a nota sobre Márcio Beck Machado.<br />
</span></span></i></b>Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-18729229191990836372011-02-09T11:49:00.000-08:002011-02-09T11:49:37.955-08:00IEDA SANTOS DELGADO . -XXXI- - Vanderley-Revista<div><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><span style="color: #400000; font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: medium;"><div align="left">IEDA SANTOS DELGADO (1945 – 1974)</div></span></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left"></div></span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;">Filiação: </span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">Eunice Santos Delgado e Odorico Arthur Delgado</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://img687.imageshack.us/img687/3266/iedadossantosdelgado1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://img687.imageshack.us/img687/3266/iedadossantosdelgado1.jpg" /></a>Data e local de nascimento: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">09/07/1945, Rio de Janeiro (RJ)</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left">Organização política ou atividade: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">ALN</span></span><b><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left">Data e local do desaparecimento: </div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">11/04/1974, São Paulo (SP)</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Bold; font-size: x-small;"><div align="left"></div><div align="left">ALN, conseguiu manter a vida em completa legalidade até ser presa em São Paulo, em 11/04/1974, quando desapareceu. Seu nome consta</div><div align="left">na lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.</div></span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">Carioca e afro-descendente, Ieda era advogada e funcionária do Ministério de Minas e Energia há cerca de quatro anos. Embora militante da</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerifLight; font-size: xx-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerifLight; font-size: xx-small;"><div align="left"></div><div align="left">estudantis que marcaram o período. Formou-se advogada em 1969 e falava francês, italiano, inglês e espanhol. Como funcionária</div><div align="left">do Ministério de Minas e Energia, fez curso de especialização na PUC do Rio de Janeiro, de setembro de 1971 a março de 1972. No mesmo</div><div align="left">ano, fez também outros cursos na Faculdade Cândido Mendes.</div><div align="left">Tinha trabalhado como assistente da assessoria jurídica do Ministério da Educação e Cultura, no Plano Nacional de Educação, de 1967 a</div><div align="left">1970. Foi estagiária e, depois, assistente jurídica do Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia e, em</div><div align="left">1973, foi secretária jurídica do Centro de Pesquisas Experimentais. Ao ser presa, aguardava sua transferência para Brasília. Durante algum</div><div align="left">tempo, trabalhou também no suplemento literário do jornal Tribuna da Imprensa.</div><div align="left">Ieda viajou para São Paulo durante os feriados da Semana Santa de 1974, no dia 11 de abril, para buscar passaportes para um casal de</div><div align="left">militantes da ALN que precisava deixar o país. Não retornou ao Rio de Janeiro. Por telefonema anônimo, sua família soube que ela tinha</div><div align="left">sido presa em São Paulo.</div><div align="left">Sua mãe, Eunice, imediatamente viajou para São Paulo e iniciou uma busca desesperada pelo paradeiro da filha. Chegou a obter a informação,</div><div align="left">através de um general seu amigo, de que Ieda estivera presa em Campinas (SP), tendo sido hospitalizada em função das torturas, e</div><div align="left">também em Piquete (SP), onde permanecera por pouco tempo. Tais informações, oficiosas, nunca foram confirmadas.</div><div align="left">Os diversos </div><div align="left">deixou ainda mais aflita. Inicialmente, em cinco linhas, em carta postada em Belo Horizonte, Ieda dizia para que a família não se preocupasse,</div><div align="left">que estava bem. Um mês depois outra carta, nos mesmos termos, postada do Uruguai. Nessa última, sua letra estava muito tremida.</div><div align="left">Eunice fez exames grafológicos e constatou que a letra era de Ieda.</div><div align="left">Nesse período do regime militar em que o desaparecimento se tornou regra sistemática nos órgãos de segurança, repetiram-se várias vezes</div><div align="left">episódios como esse em que, além do violento trauma trazido pelo desaparecimento, os familiares passaram a ser submetidos a verdadeiras</div><div align="left">operações de contra-informação e, muitas vezes, foram alvo de chantagem para obtenção de dinheiro em troca de informações que, em</div><div align="left">nenhum dos casos, se comprovaram verdadeiras.</div>Ieda Santos Delgado foi homenageada, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro, com a denominação de ruas em bairros da periferia.</span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">Sua atuação política teve início entre 1967 e 1968, em Brasília, quando estudava Direito na UnB e participava discretamente das mobilizações</span></span><i><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif-Italic; font-size: x-small;">habeas-corpus </span></span><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;"><span style="font-family: AgfaRotisSansSerif; font-size: x-small;">impetrados foram negados.Um mês depois da prisão da filha, Eunice passou a receber cartas de Ieda, o que a</span></span></i></b></b></b></b></span></div>Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-80139550026262890442011-02-09T09:38:00.000-08:002011-02-09T09:38:36.157-08:00LÍGIA MARIA SALGADO NÓBREGA -XXII - Vanderley-Revista<h3><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;">DADOS PESSOAIS</span></h3><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;">Nasceu em 30 de julho de 1947 em Natal, Rio Grande do Norte. Filha de Georgino Nóbrega e Naly Ruth Salgado Nóbrega, foi a terceira numa família de seis irmãos.</span><br />
<h3><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;">ATIVIDADES</span></h3><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://img195.imageshack.us/img195/3791/ligia1.gif" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://img195.imageshack.us/img195/3791/ligia1.gif" /></a><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;">Ainda pequena, Lígia mudou-se para a cidade de São Paulo onde estudou, terminando o curso de Normalista no Colégio Estadual Fernão Dias Paes. Em 1967, entrou no curso de Pedagogia da Universidade de São Paulo (USP) e se destacou pela sua capacidade intelectual, pela liderança e empenho em abrir horizontes, modernizar métodos de ensino, implicar as pessoas em sua responsabilidade social em uma vida dígna, onde os direitos humanos fossem respeitados e o indivíduo fosse um verdadeiro cidadão. Após a edição do Ato Institucional no. 5, com os canais de participação aberta e legal fechados pela ditadura militar. Em 1970, Lígia se engaja na Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-PALMARES) e com outros companheiros, passa à luta armada para enfrentar a violência do regime autoritário vigente no país à época.</span></div><h3><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;">CIRCUNSTÂNCIAS DA MORTE</span></h3><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;">Foi metralhada em 29 de março de 1972, quando a casa em que se encontrava no bairro de Quintino, Rio de Janeiro, foi invadida por agentes do DOI-CODI do I Exército. Com Lígia, foram mortos seus companheiros: Antonio Marco Pinto de Oliveira e Maria Regina Lobo Leite Figueiredo. Seu corpo foi reconhecido por seu irmão Francisco Salgado da Nóbrega, em 07 de abril de 1972, tendo sido sepultada em cemitério de São Paulo.</span><br />
<div><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;">======================================================================================================</span></div><div><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"></span> </div><div><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><div align="left">M</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ARIA </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">R</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">EGINA </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">L</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">OBO </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">L</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">EITE </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">F</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">IGUEIREDO</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><div align="left">M</div><div align="left">(VAR-PALMARES).</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ILITANTE DA </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">VANGUARDA ARMADA REVOLUCIONÁRIA PALMARES</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Ex-integrante da Juventude Universitária Católica, era formada em Filosofia pela</div><div align="left">Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Pedagoga,</div><div align="left">foi morta aos 33 anos. Casada com Raimundo Gonçalves Figueiredo, morto em 28 de abril</div><div align="left">de 1971, deixou duas filhas menores.</div><div align="left">Maria Regina foi ferida quando a casa em que se encontrava foi invadida por agentes</div><div align="left">do DOI/CODI-RJ no dia 29 de março de 1972. Lígia Maria Salgado Nóbrega e Maria</div><div align="left">Regina, juntamente com Antônio Marcos Pinto de Oliveira, foram presos e assassinados.</div><div align="left">O corpo de Maria Regina chegou ao IML pelaGuia n° 02 do DOPS, como</div><div align="left">desconhecida, vindo da Av. Suburbana, n° 8988, casa 72, Bairro de Quintino (RJ), como</div><div align="left">tendo sido morta em tiroteio. Entretanto, há testemunhas que dizem que, após ser baleada,</div><div align="left">foi levada para o DOI-CODI, onde veio a morrer horas depois, tendo inclusive sido levada</div><div align="left">para o Hospital Central do Exército.</div><div align="left">Sua necrópsia, feita em 30 de março de 1972, pelos Drs. Eduardo Bruno e Valdecir</div><div align="left">Tagliari confirma a versão oficial. Foi identificada nesse mesmo dia 30, através de ficha do</div><div align="left">Instituto Félix Pacheco/RJ.</div><div align="left">Maria Regina foi reconhecida por suas irmãs Maria Eulália, Maria Alice e Maria</div><div align="left">Augusta, em 07 de abril de 1972, e sepultada no dia seguinte no Cemitério São João</div><div align="left">Batista.</div><div align="left">Fotos e laudo de perícia de local (n° 1884/72 e Ocorrência n° 264/72) feitas pelo</div><div align="left">Instituto de Criminalística Carlos Éboli/RJ, mostram o corpo de Maria Regina baleado.</div><div align="left">O jornal </div><div align="left">morte, sob o título </div><div align="left">de sua foto, o nome de Ranúsia Alves Rodrigues. No entanto, Maria Regina já havia sido</div>identificada no IML/RJ.</span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">“Correio da Manhã”</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, de 06 de abril de 1972, publicou a notícia de sua</span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">“Terroristas Morrem em Tiroteio: Quntino”</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">e capciosamente dá, ao lado</span></span></i></i></i></b></div>Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-81678297149165958982011-02-09T09:34:00.000-08:002011-02-09T09:34:32.973-08:00História de SANTO DIAS DA SILVA -XXVI- - Vanderley-Revista<div><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><div align="left">S</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ANTO </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">D</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">IAS DA </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">S</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ILVA</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Nasceu em 22 de fevereiro de 1942, em São Paulo, filho de Jesus Dias da Silva e Laura Amâncio.</div><div align="left" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://img824.imageshack.us/img824/7041/51170290.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://img824.imageshack.us/img824/7041/51170290.jpg" /></a>Operário metalúrgico, era motorista de empilhadeira da Metal Leve S/A. Antes havia sido lavrador, colono, diarista e bóia-fria. Em 1961, foi expulso, com a </div><div align="left">família, das terras onde era colono, por exigir registro de carteira profissional, como era lei. Trabalhador em fábrica, foi demitido por participar de campanhas</div><div align="left">coletivas por aumento de salário e adicional de horas extras.</div><div align="left">Líder operário bastante reconhecido no meio dos trabalhadores,era casado e pai de dois filhos.</div><div align="left">Após sua covarde morte, como homenagem de sua luta e seu exemplo, foi criado o </div><div align="left">Santo era membro da pastoral operária de São Paulo, representante leigo ante a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, membro do Movimento </div><div align="left">Contra a Carestia, candidato a Vice-presidente da chapa 3, da Oposição no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e integrante do Comitê Brasileiro pela </div><div align="left">Anistia - CBA/SP.</div><div align="left">Assassinado friamente pela PM paulista quando comandava um piquete de greve no dia 30 de outubro de 1979, em frente à fabrica Silvânia, em Santo Amaro, </div><div align="left">bairro da região sul.</div></span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">Centro Santo Dias de Direitos Humanos </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">da Arquidiocese de São Paulo.</span></span><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Relato da morte de Santo Dias, publicado no Boletim do Sindicato dos</div><div align="left">Metalúrgicos de São Paulo, encontrado no Arquivo do DOPS/SP:</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">“ Os policiais estavam puxando o Espanhol por um lado. Do outro, Santo segurava o companheiro. Começou então a violência, com tiros para cima e, </div><div align="left">depois, eu vi o Santo ser atingido na barriga, de lado, e o tiro sair de outro lado. Escutei três gritos: ai, ai, ai. E o Santo caiu no chão.</div><div align="left">O metalúrgico Luís Carlos Ferreira relatou assim a morte de Santo Dias da Silva, no depoimento que prestou à Comissão de Justiça e Paz, que </div><div align="left">também ouviu mais duas outras testemunhas sobre a morte do companheiro. Segundo Luís Carlos afirmou à Comissão, ele estava a uns seis metros de </div><div align="left">distância de Santo Dias, no momento em que ele foi baleado.</div><div align="left">Os policiais continuaram a perseguir outros - prossegue Luís Carlos no seu depoimento. ‘Eu fiquei atrás de um poste e posso, com toda segurança, </div><div align="left">reconhecer o policial que atirou no Santo: tem cerca de um metro e oitenta, alto, forte e aloirado.</div><div align="left">E pude ver, depois, na delegacia que ele tem uma falha na arcada dentária. Vi ele bem, quando eu estava sendo levado preso no Tático Móvel 209.</div><div align="left">Luís Carlos lembra que havia cerca de 50 operários no piquete, que nunca usou de violência, pois só fazíamos o trabalho de conscientização. Ele </div><div align="left">também desmente a versão de que os trabalhadores teriam iniciado o conflito, afirmando que quando chegamos na porta da Sylvânia, tinha uns </div><div align="left">quatro ou cinco policiais guardando o local. Não houve nenhum atrito com eles e nenhum de nós estava armado.</div><div align="left">Luís Carlos Ferreira reconheceu o soldado Herculano Leonel como o autor do disparo que matou o operário.</div><div align="left">Correndo, assustados e ao mesmo tempo com raiva do ocorrido, os companheiros entraram na sede com a notícia parada na garganta: ‘Mataram o</div><div align="left">Santo’. Num primeiro momento, a dúvida e, após a confirmação, a dor. A repressão diante da Sylvânia, local para o qual Santo se dirigira com a </div><div align="left">finalidade de acalmar os ânimos, dissolveu a tiros o piquete; fez um ferido (João Pereira dos Santos) e um morto, Santo Dias da Silva. A triste notícia </div><div align="left">correu de boca em boca. As autoridades procuravam esvaziar e eximir-se da culpa.</div><div align="left">Imediatamente começou a mobilização dos trabalhadores para protestar contra o assassinato. A polícia não queria nem mesmo liberar o corpo. Depois </div><div align="left">da interferência de outros sindicalistas e parlamentares, o corpo de Santo chegou à Igreja da Consolação onde foi velado pelo povo de São Paulo. A </div><div align="left">tristeza se misturava com a incredulidade e a raiva contra os assassinos. Milhares de pessoas desfilaram diante do caixão aberto de Santo, prestando </div><div align="left">sua homenagem ao novo mártir da luta operária, que estampava no seu rosto um leve sorriso de tranquilidade.</div><div align="left">Já na madrugada, o povo continuava a rezar por Santo e a se preparar para a grande marcha até a Sé, local fixado para a cerimônia de </div><div align="left">encomendação do corpo.</div><div align="left">Às 8:00h da manhã a movimentação diante da Consolação era grande: metalúrgicos, estudantes, todos querendo levar Santo. Saindo da Consolação </div><div align="left">às 14:10h, o cortejo com faixas e palavras de ordem contava com mais de 10 mil pessoas. Dos prédios caiam papeis picados, um sinal silencioso de </div><div align="left">solideariedade.</div><div align="left">Novos manifestantes se acresciam ao cortejo e as palavras de ordem se sucediam: ‘A Luta Continua’, ‘A polícia dos patrões matou um operário’, </div><div align="left">‘Você está presente, companheiro Santo’...”</div></span></span></i></b></i></i></b></div><br />
<hr /><br />
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Cartaoberro mailing list<br />
Cartaoberro@serverlinux.revistaoberro.com.br<br />
http://serverlinux.revistaoberro.com.br/mailman/listinfo/cartaoberro</div>Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-70628390578002555632011-02-09T09:30:00.000-08:002011-02-09T09:30:26.610-08:00História de MÁRIO ALVES DE SOUZA VIEIRA / e texto de MMM "DESCOBRINDO MÁRIO ALVES" -XXIV- - Vanderley-Revista<div><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="http://img511.imageshack.us/img511/6803/marioalves1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" height="320" src="http://img511.imageshack.us/img511/6803/marioalves1.jpg" width="254" /></a></div><div align="left">M</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ÁRIO </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">A</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">LVES DE </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">S</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">OUZA </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">V</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">IEIRA</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Secretário-Geral do PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO REVOLUCIONÁRIO</div><div align="left">(PCBR).</div><div align="left">Nasceu em 14 de fevereiro de 1923 em Santa Sé, Estado da Bahia, filho de Romualdo Leal Vieira e Julieta Alves de Sousa Vieira.Desaparecido aos 47 anos, no</div><div align="left">Rio de Janeiro.Jornalista, tendo dirigido os jornais </div><div align="left"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">Estudantes da Bahia.</span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">habeas-corpus.</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Por sua oposição à orientação predominante na direção do PCB, Mário Alves foi afastado da Comissão Executiva e deslocado para atuar em Belo Horizonte,</div><div align="left">onde permaneceu até 1967.</div><div align="left">Já, em 20 de maio de 1966, um ato do Presidente Castelo Branco cassa seus direitos políticos por 10 anos. Em 6 de junho do mesmo ano, foi julgado à revelia</div><div align="left">no chamado processo das “Cadernetas de Prestes” e condenado a 7 anos de prisão, pela 2ª Auditoria Militar de São Paulo.</div><div align="left">A luta interna no PCB também se acirrava e, no VI Congresso, realizado em 1967, Mário Alves, juntamente com Carlos Marighella, Joaquim Câmara Ferreira,</div><div align="left">Jacob Gorender, Apolônio de Carvalho, Manuel Jover Telles e Miguel Batista dos Santos foram expulsos.</div><div align="left">Em 1968, junto com Jacob Gorender, Apolônio de Carvalho e outros, Mário Alves fundou o PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), continuando</div><div align="left">a militar clandestinamente.</div><div align="left">Em 16 de janeiro de 1970, entre 19:30 e 20:00 horas, saiu de casa para voltar dentro de pouco tempo. Foi preso pelo DOI/CODI-RJ, para onde foi levado. Na</div><div align="left">madrugada do mesmo dia, Mário Alves morreu sob torturas.</div><div align="left">Mário foi visto sangrando, abundantemente, na sala de tortura, por vários presos políticos que se encontravam no DOI/CODI, dentre os quais, René Carvalho,</div><div align="left">Antônio Carlos de Carvalho e o advogado Raimundo Teixeira Mendes .</div><div align="left">Os soldados que serviam no PIC (Pelotão de lnvestigações Criminais), onde está situado o DOI-CODI, foram retirados do local, para que o corpo de Mário</div><div align="left">pudesse ser removido sem testemunhas.</div><div align="left">Apesar das evidências, os órgãos de segurança negam a prisão de Mário.</div><div align="left">Em 01 de dezembro de 1987 foi julgada a apelação civil n° 75.601 (RJ), registro 2678420, onde sua mulher e filha conseguiram da União a responsabilidade</div><div align="left">civil por sua prisão, morte e danos morais. Foi o 1° caso de desaparecido político em que a União reconheceu sua responsabilidade. </div><div align="left">Foram advogadas as Dras. Francisca Abigail Barreto Paranhos e Ana Maria Müller.</div><div align="left">O Relatório do Ministério do Exército diz que “foi condenado em 06/06/66 a 7 anos de reclusão e em 17/11/73, a três anos, ambos a revelia.”</div></span></span><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Dilma, companheira de Mário Alves, enviou uma carta à esposa do cônsul brasileiro, seqüestrado no Uruguai. Destacamos aqui alguns trechos:</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">“Todos conhecem seu sofrimento, sua angústia. A imprensa falada e escrita focaliza diariamente o seu drama. Mas do meu sofrimento, da minha </div><div align="left">angústia, ninguém fala. Choro sozinha. Não tenho os seus recursos para me fazer ouvir, para dizer também que “tenho o coração partido”, que quero</div><div align="left"> meu marido de volta. O seu marido está vivo, bem tratado, vai voltar. O meu foi trucidado, morto sob tortura, pelo 1° Exército, foi executado sem</div><div align="left"> processo, sem julgamento. Reclamo seu corpo.</div><div align="left">Nem a Comissão de Direitos da Pessoa Humana me atendeu. Não sei o que fizeram dele, onde o jogaram.</div><div align="left">Ele era Mário Alves de Souza Vieira, jornalista. Foi preso no dia 16 de janeiro do corrente, na Guanabara, pela polícia do 1° Exército e levado para o</div><div align="left">quartel da P.E., sendo espancado barbaramente de noite, empalado com um cassetete dentado, o corpo todo esfolado por escova de arame, por se</div><div align="left">recusar a prestar informações exigidas pelos torturadores do 1° Exército e do DOPS. Alguns presos, levados à sala de torturas para limpar o chão</div><div align="left">sujo de sangue e de fezes, viram meu marido moribundo, sangrando pela boca e pelo nariz, nu, jogado no chão, arquejante, pedindo água, e os </div><div align="left">militares torturadores em volta, rindo, não permitindo que lhe fosse prestado nenhum socorro.</div><div align="left">Sei que a sra. não tem condições de avaliar meu sofrimento, porque a dor de cada um é sempre maior que a dos outros. Mas espero que compreenda</div><div align="left">que as condições que levaram meu marido a ser torturado até a morte e o seu seqüestrado são as mesmas; que é importante saber que a violência-</div><div align="left">fome, violência-miséria, violência-opressão, violência-atraso, violência-terrorismo, violência-guerrilha; que é muito importante saber quem pratica a </div><div align="left">violência - os que criam a miséria ou os que lutam contra ela”.</div></span></span><b><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Do livro “Desaparecidos Políticos”:</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">“– Não dormíamos, acompanhando os interrogatórios e sofrendo cada uma das torturas que sabíamos estarem sendo aplicadas - e que cada um de </div><div align="left">nós conhecia de perto - na cela ao lado. Não demorou muito para termos certeza que a vítima era Mário Alves...</div><div align="left">– Diante da recusa de Mário a atender às exigências dos torturadores e das formas cada vez mais violentas de tortura a que foi submetido </div><div align="left">(afogamentos, empalamento etc.) temi por sua vida. Alguém por ali havia dito que ele já estava com 56 anos de idade e tinha pouca saúde.</div><div align="left">– De manhã, bem cedo, o cabo da guarda chamou Manoel João, Augusto e eu para fazer a faxina da sala ao lado. A sala estava enlameada, cheia de </div><div align="left">água e , no chão, deitada, estava uma pessoa totalmente machucada, a pele bem ferida, cheia de hematomas... era um rosto magro com um pequeno </div><div align="left">bigode... era Mário Alves.”</div></span></span><b><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Depoimento do advogado Raimundo Teixeira Mendes, também detido na época na</div><div align="left">P.E., do mesmo livro:</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">- Cerca de 20:30 horas do dia 16 de junho de 1970, sexta-feira... o DOICODI/ RJ... acabava de prender o Jornalista Mário Alves de Sousa</div><div align="left">Vieira...conduzido para a cela que ficava ao lado...foi submetido a interrogatório, findo o qual iniciou-se a sessão de tortura que acabou às 5 horas.</div><div align="left">- Depois de violentamente espancado... torturado com choques elétricos, no pau de arara, afogamentos, etc. Mário Alves manteve a posição de nada </div><div align="left">responder a seus torturadores... então introduziram um cassetete de madeira com estrias, que provocou a perfuração de seus intestinos e a hemorragia </div><div align="left">que determinou a sua morte.”</div>============================================================================<br />
<div class="MsoTitle" style="text-align: center;"><span style="font-size: 18pt;"><strong><span style="font-family: Times New Roman;">DESCOBRINDO MÁRIO ALVES</span></strong></span></div><div class="MsoTitle" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoTitle" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt; font-weight: normal;"><span style="font-family: Times New Roman;">Marcelo Mário de Melo</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Purgar os erros.</span></span></i></div><h5 style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><em><span style="font-family: Times New Roman;">Lembrar os mortos</span></em></span></h5><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><em><span style="font-family: Times New Roman;">Fecundar os sonhos.</span></em></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Festejar as vitórias.</span></span></i></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Se não fizermos isto</span></span></i></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">pela nossa causa</span></span></i></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">quem o fará?</span></span></i></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">(MMM)</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Em 1970 o esquema repressivo da ditadura militar matou sob tortura o militante político Mário Alves Vieira, baiano de nascimento, jornalista, intelectual, fundador do<span> </span>Partido Comunista Brasileiro Revolucionário - PCBR e integrante do seu comitê central. Na ocasião, Mário tinha 47 anos de idade. Se estivesse vivo, comporia com Apolônio de Carvalho e Jacob Gorender<span> </span>a tríade dos comunistas históricos e ex-integrantes do comitê central do PCB,<span> </span>que esgotando uma luta interna anterior a 1964, partiram para viver uma nova experiência partidária.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Mário Alves resistiu às torturas, enfrentou e afrontou os seus carrascos, “sacrificando o bem-estar da carne, a vida, para manter cerrados dentes, compromissos”. Depoimentos de testemunhas oculares e auditivas revelam rasgos de elevada altivez da parte de um homem conhecido como fisicamente frágil, que carregava uma úlcera e, naquela ocasião, já tinha o corpo macerado e as palavras ecoando manchadas de sangue. Isto revela a sua estirpe<span> </span>o situa numa pequena parcela de presos políticos brasileiros de todas as épocas, “queimados na face com uma luminosa cicatriz de silêncio”. Mas é insuficiente para caracterizar a sua personalidade, que não pode ser apreendida por aspectos isolados,<span> </span>nem através de equação, média ou denominador comum.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Compor o perfil de Mário Alves de corpo inteiro constitui um desafio a ser enfrentado. E é<span> </span>na perspectiva de juntar pedras e seguir pistas que alinho antigas impressões, recolhidas em textos seus e nos contatos tidos com ele em 68 e 69, que embora breves, foram intensos e inesquecíveis. Antes, quero ressaltar a importância da matéria escrita por Otto Filgueiras, publicada no número 20 da revista <i>Brasil Revolucionário</i>, ano de 1996, que trás revelações<span> </span>sobre a atividade intelectual de Mário Alves, aspectos da sua vida familiar e dos seus jeitos de ser como simples mortal.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><b><span style="font-size: 11pt;">Primeiros rumores</span></b><span style="font-size: 11pt;"> -<span> </span>Militando no PCB do Recife desde 1961, a partir da base do Colégio Pernambucano, eu sabia da existência de Mário Alves como diretor do jornal oficial do partido, o Novos Rumos. De vez em quando, lia algum dos seus artigos. Seu nome<span> </span>esteve muito presente nas rodas militantes,<span> </span>a partir de um trabalho publicado numa revista,<span> </span>em parceria com Paul Singer, criticando o Plano Trienal de Desenvolvimento de Celso Furtado, então Ministro da Economia de um dos gabinetes do governo João Goulart, no período de regime parlamentarista implantado sob<span> </span>pressão militar,<span> </span>depois da renúncia de Jânio Quadros, ocorrida em agosto de 1961. Em certa altura ele passou a ser<span> </span>citado como integrante do chamado “grupo baiano” do comitê central do PCB, que tinha posições mais à esquerda e era composto, também, por Jacob Gorender e Carlos Marighella. Naquela época, talvez por alguma associação com o cantor Francisco Alves, que povoou as manchetes e o cinema nacional até meados da década de 50, eu sempre imaginava Mário Alves um tipo alto, forte, moreno e vivaz, de paletó e gravata.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><b><span style="font-size: 11pt;">Debates e Ditadura</span></b><span style="font-size: 11pt;"> - <span> </span>Um mês antes do golpe militar de 64, o comitê central do PCB publicou no Jornal Novos Rumos as Teses para Discussão do seu VI Congresso. Na tradição dos PCs, começaram os debates e a eleição de delegados,<span> </span>a partir das assembléias de base, preparando as conferências setoriais, que partiriam para as municipais, as estaduais e, finalmente, o congresso nacional. A polarização era forte em torno de alguns aspectos. Uma ala dizia que havia a possibilidade de um caminho pacífico para a revolução brasileira, que deveria ser esgotado.<span> </span>Mantinha a crença na chamada burguesia nacional como integrante da frente nacionalista e democrática e, embora com um caráter dúplice e vacilante, possuindo um potencial revolucionário. A outra ala afirmava que a tentativa de golpe militar era inevitável e deveríamos estar preparados para enfrentá-lo, que o papel dúplice e vacilante dos setores burgueses progressistas era orgânico e insuperável, e que o eixo da frente<span> </span>deveria ser constituído por operários, camponeses e camadas médias. Mário Alves desenvolvia estas posições.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">O golpe interrompeu o congresso e acirrou a luta interna no PCB. A primeira grande polarização se deu<span> </span>em torno de qual tinha sido o erro fundamental: se os desvios de direita, caracterizados na não preparação para a resistência pelas armas, na dependência ao esquema militar de João Goulart, ou se os desvios de esquerda, expressos na “pressa pequeno-burguesa” de querer acelerar o processo político artificialmente e, com isso, permitir a ofensiva da direita e a ampliação<span> </span>das suas bases de apoio. Dois a três anos depois é<span> </span>retomado o VI Congresso do PCB e se abre de novo a Tribuna de Debates, agora nas páginas do jornal A Voz da Unidade, órgão oficial do comitê central. Mário Alves teve uma presença marcante nos debates, através de artigos assinados com o pseudônimo de Martim Silva. As tendências alinhadas mais à esquerda se organizaram na chamada Corrente Revolucionária do PCB, ou simplesmente Corrente, que era uma grande articulação anti-comitê central e alimentou diversas organizações de esquerda. Nasceu oficialmente, o PCBR, em abril de 1968, tendo na direção Mário Alves, Apolônio de Carvalho, Jacob Gorender, Bruno Maranhão e outros companheiros. Marigella, ex-secretário político do comitê estadual do PCB em São Paulo, partiu para fundar a ALN. Dirigentes estudantis da Dissidência do Rio formaram um grupo autônomo, que depois se integrou à POLOP e resultou no POC. Dirigentes do Rio, entre eles Jover Telles, membro do Comitê Central, um certo tempo depois de fundado o PCBR, lançaram um manifesto intitulado Um Reencontro Histórico, e se integraram ao PC do B.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Me impressionou a qualidade do texto de Mário Alves: conciso, denso, objetivo, desprovido de gorduras e retóricas. Jornalista e com tarimba de tradutor de livros em inglês, francês e russo,<span> </span>Mário Alves agregou uma qualidade literária aos documentos políticos que escreveu, merecendo destaque a Resolução da Conferência Estadual de Minas, preparatória do VI Congresso do PCB, os artigos na Tribuna de Debates, a Linha Política do PCBR, o<span> </span>documento Raízes Ideológicas dos Nossos Erros e o texto em que polemizou com os dirigentes do Rio que optaram pelo PC do B, intitulado: “Reencontro Histórico, ou Simples Mistificação?” Agora, um esclarecimento. O texto escrito por Mário Alves sobre o comportamento do revolucionário na prisão e no tribunal,<span> </span>não é, originalmente, seu. Trata-se de uma síntese de material constante do livro do advogado, escritor e comunista francês, Marcel Willard, intitulado “A Defesa Acusa”. Marighella cita esse autor, num folheto divulgado no PCB, em que também trata de interrogatórios e torturas. Não me lembro se a primeira distribuição da síntese de Mário informava sobre a fonte do seu trabalho. Com o tempo, predominou a versão de que as normas sobre o comportamento do revolucionário na prisão e no tribunal seriam da sua autoria. Mas se não teve o mérito de concebê-las, coube a Mário Alves, que as sintetizou e difundiu, a suprema dignidade de cumpri-las integralmente, até o último suspiro.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><b><span style="font-size: 11pt;">Contato ao vivo</span></b><span style="font-size: 11pt;"> - Meu primeiro contato com Mário Alves se deu numa viagem de emergência que fiz ao Rio, para tratar junto ao Comitê Central, como representante do Comitê Regional do Nordeste, do rateio do apurado de um assalto a banco feito pelo nosso Comando Militar. Fui levado de olhos fechados a uma reunião do Comitê Central e lá conheci Apolônio de Carvalho e Mário Alves, com quem tive depois um encontro. Sentamos num bar, conversamos e continuamos andando, até o momento em que ele pegou o seu rumo. Eu achava que as informações que chegavam ao comitê<span> </span>central sobre as forças do partido e as possibilidades da ação armada<span> </span>no Nordeste, principalmente no campo, eram inflacionadas. Comecei a levantar algumas ponderações quanto à necessidade de uma maior preparação. Falei das dificuldades de recrutamento em função do refluxo do momento de massas, da nossa inserção, basicamente, nos segmentos pequeno-burgueses, das deficiências estruturais do partido e da precariedade do nosso trabalho de campo, com uma estrutura de militância<span> </span>de características mais típicas de um trabalho de massas do que de uma ação de partido,<span> </span>com as exigências propostas. Ele não levou muito em conta as restrições, não entrou em detalhes, nem alimentou o papo, afirmando que as dificuldades eram superáveis e não se constituíam em impedimento maior. Senti uma pressa em aprofundar o processo armado a todo custo e desconfiei de um certo espírito de concorrência pesando sobre o comitê central do PCBR, em face das ações armadas desencadeadas pelos chamados agrupamentos militares.<span> </span>Nesse encontro, caiu por terra a imagem física que eu fazia de Mário Alves. Estava diante de um homem alvo, magro, ombros estreitos, meio franzino e um pouco encurvado. O rosto jovem, expressivo, atento<span> </span>e com linhas bem desenhadas. Mário Alves tinha cabelos pretos e lisos,<span> </span>penteados pra trás, e usava uns óculos escuros modernosos,<span> </span>que lhe caíam muito bem.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><b><span style="font-size: 11pt;">Reuniões no Recife</span></b><span style="font-size: 11pt;"> - Mário Alves chegou no Recife no primeiro trimestre de 69, para reunir com o Comitê Regional do Nordeste. No primeiro dia, reunião nos dois expedientes, entrando pela noite. E aí começou a se desenhar o estilo do homem. Uma meia folha de papel-ofício, dividida ao meio, de cima a baixo, pela marca de uma dobra, foi o terreno onde ele esquematizou sua intervenção. Do lado esquerdo, no alto, um pequeno esquema do que iria dizer. Abaixo disso, foi lançando as sínteses telegráficas das falas dos circunstantes. Em paralelo, na metade direita, as suas observações sobre elas. Ele abriu a reunião, ouviu os reunintes<span> </span>e, no fim, fez considerações detalhadas, com base naquele pequeno papel. Até hoje, em reuniões e debates, me valho do esquema de Mário Alves. Mas além do macete técnico, as marcas substanciais. Havia uma tendência entre assistentes e dirigentes de instâncias superiores, em inflacionar muito a realidade, dando informes exagerados e excessivamente otimistas sobre as forças do partido em termos nacionais, ou simplesmente obscurecendo os aspectos de limitação e dificuldade. Mário Alves foi uma<span> </span>verdadeira ducha de água<span> </span>fria nessa deformação. Secou balões ilusionistas e deixou desenhada a verdadeira realidade orgânica do PCBR em todos os estados, muito mais limitada do que se imaginava.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Quando da sua vinda, eu atravessava um certo isolamento no Comitê Regional do PCBR. Considerado “à direita”, por manter uma resistência contra o que considerava militarismo, tive cortadas as assistências aos comitês zonais mais importantes e me concentrei na montagem da imprensa partidária. Quando Mário Alves chegou, estava pronto o<span> </span>primeiro exemplar do “Luta de Classe”,<span> </span>jornal do Comitê Regional, que trazia como centro a análise do Ato Institucional número 5, editado em 13 de dezembro de 1968. Eram considerados os aspectos políticos e se fazia uma abordagem da conjuntura econômica. Nessa segunda parte houve a colaboração do companheiro Frederico Oliveira (Fred), militante do PCBR, advogado e técnico em desenvolvimento econômico da Sudene, que atraiu a participação dos economistas<span> </span>Alcino Rufino e Abelardo Baltar, que integrava o núcleo de profissionais liberais do PCBR com o pseudônimo de Abreu. O miolo do jornal já estava aprovado e faltava o editorial, que Mário Alves leu em silêncio e, em seguida, olhou para mim, levantando o polegar. Lembro-me de que o texto começava assim: “A crise que antecedeu a edição do Ato institucional número 5 foi essencialmente política.”. No fim da reunião, Mário Alves declarou que as divergências existentes no interior da direção eram normais e não deveriam levar a desconfianças e restrições entre os companheiros, todos empenhados em levar as tarefas revolucionárias à frente.<span> </span>Depois disso, desfez-se o cerco às minhas atividades e melhorou o clima<span> </span>no trabalho de direção.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><b><span style="font-size: 11pt;">História & Humor</span></b><span style="font-size: 11pt;"> - No segundo dia, a reunião durou somente o expediente da manhã e<span> </span>partimos<span> </span>para um almoço descontraído, que se esticou numa gostosa roda de bate papo em torno da mesa, até o anoitecer,<span> </span>quando Mário Alves pegou a estrada de volta ao Rio. Foram muitas histórias, com esclarecimentos, folclore político e piadas, onde apareceu o seu lado irreverente e satírico. Ele falou em detalhe sobre as entrelinhas<span> </span>do PCB em vários momentos: o<span> </span>período de transição da ditadura para a anistia de 46, as reações ao informe secreto de Nikita Kruschev, em 1953,<span> </span>denunciando os crimes de Stalim, as polarizações no interior do Comitê Central no período posterior ao golpe. Aspectos caricaturais e pitorescos vivenciados na sua juventude, envolvendo a figura de Otávio Brandão, fundador do PCB,<span> </span>provocaram ataques de riso. Mário fez algumas gozações com Jason, o<span> </span>agitado companheiro do Comitê Central,<span> </span>que dava assistência ao Nordeste: “O Jason é uma demonstração viva da dialética<span> </span>entre a causa e o efeito: quando ele está tenso, aperta em baixo; quando aperta em baixo, fica mais tenso em cima”. Dizia isto fazendo demonstrações dos dois apertos, com movimentos<span> </span>de abre-e-fecha das duas mãos levantadas. Foi essa abertura humorística de Mário Alves - soube por Jason - que me salvou, depois, de uma medida disciplinar do Comitê Central do PCBR.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span> </span>Nos primeiros contatos em Pernambuco, Jason escreveu um documento de 10 laudas, datilografado em espaço-um, sobre as potencialidades da luta armada na área rural do Nordeste, e lhe deu o título de “Anotações para um Esboço de<span> </span>Esquema”. Apolônio de Carvalho, em alguns documentos, quando se referia ao PCBR, colocava este acréscimo: “partido motor e guia”, e costumava fazer longas citações da Resolução Política aprovada no Congresso. O grupo de trabalho indicado pelo comitê central para concluir um estudo sobre o movimento estudantil, não apresentava o resultado. Mário Alves, ao fim de uma rodada de reuniões do Comitê Central, foi encarregado de escrever três documentos, sendo um deles, o “Raízes Ideológicas dos Nossos Erros”. Tudo isso eram motes para a minha produção satírica. Um dia, escrevi para<span> </span>Jason uma carta intitulada<span> </span>“Prefácio para um Prólogo de Bosquejo”, começando assim : “O PCBR, partido motor e guia, caixa de marcha, arranque, acelerador...” A torto e a direito, meti citações da Resolução Política.E ainda encaminhei em anexo um livreto datilografado, em forma de brochura, com uma série de<span> </span>poemas satíricos inspirado nas coisas do PCBR. Hoje esses textos, com ligeiras adaptações, compõem a série dos Poemas Antiburocráticos. Na época eram, simplesmente,<span> </span>os “burocras”, organizados assim:<span> </span>Burocra 1, Burocra 2,<span> </span>Burocra 3, etc. Jason me disse que, no intervalo de uma das reuniões do comitê central, expôs a carta e os textos, provocando a indignação de um dirigente, que falou em anarquismo intelectual e<span> </span>sugeriu uma medida disciplinar. Mário Alves veio em minha defesa, tirando por menos e argumentando que a sátira também era uma forma válida de luta interna no partido. São palavras de Jason: “o Mário quase se mija de tanto rir, lendo o teu material”. Esclareço que<span> </span>Jason era o nome de guerra do jornalista carioca Nicolau Tolentino de Abrantes. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><h2 style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">A FALTA QUE FAZ - Mário Alves era um dirigente comunista que procurava manter as antenas ligadas ao que rolava culturalmente na sociedade. Traduzia em vários idiomas, possuía<span> </span>estofo intelectual, um grande poder de síntese, um texto denso e<span> </span>muito bem acabado. Sendo um dirigente político e um redator partidário, sua<span> </span>produção intelectual, que ainda não está reunida, foi muito marcada pelas urgências, sobrecargas, tensões e dificuldades da militância clandestina. Se tivesse sobrevivido, Mário Alves<span> </span>teria podido<span> </span>desenvolver, nas condições pós-anistia,<span> </span>uma atividade intelectual de maior fôlego, exercitando a análise política da experiência vivida e dos desafios atuais. Esta é uma<span> </span>incalculável<span> </span>lacuna que a sua morte nos deixou.<span> </span></span></span></h2><div class="MsoNormal"><br />
</div><h3 align="left" style="text-align: left;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman;">POEMAS AINTIBUROCRTICOS - Os Poemas Antiburocráticos (Burocras),<span> </span>na sua maioria, foram escritos entre<span> </span>os anos de 1968 e 1969 e<span> </span>constituem uma crítica ao burocratismo, compreendido sob dois aspectos:<span> </span>a apreensão da realidade sob o filtro das quatro paredes dos pequenos círculos e a intervenção a partir das formas e das normas<span> </span>ossificadas. Nas formulações e no cotidiano do PCBR e da esquerda armada, mesmo emascarado<span> </span>nas capas do ativismo e das ações ousadas, fui descobrindo a essência e as nuances do burocratismo, a que dei<span> </span>um tratamento satírico, com o<span> </span>natural exagero das caricaturizações. A seguir, o desfile de alguns Burocras,<span> </span>tal e qual foram escritos e divulgados na época, em rodas de militantes. Todos os meus textos, em poesia e<span> </span>em prosa, foram apreendidos quando da prisão (e do assassinato sob tortura) de Odijas Carvalho, no aparelho da praia de Maria Farinha,<span> </span>no Recife, onde eu estava morando e de cuja queda escapei,<span> </span>por me encontrar numa reunião noutro estado. O grosso da parte de poesia foi reconstituído nos meus primeiros meses na Casa de Detenção do Recife, em 1971.<span> </span></span></span></h3><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><h3><b><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> BUROCRA 1</span></span></b></h3><div class="MsoNormal"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">O verde burocrata</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">ou o burocrata maduro</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">no seu casulo</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">respira o mundo</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">em ondas redondinhas.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">O verde burocrata</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">ou o burocrata maduro</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">no seu casulo</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">refaz o mundo</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">arredondando-lhe o corte</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">com a sua implacável</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">grave e disciplinada</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">tesoura de decretos burocráticos.</span></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Sucedem-se as resoluções insossas</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">num mar de consequências buroanêmicas.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Ou os decretos irreais pomposos</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">gerados em euforias de birô.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">A vida irregular e borbulhante</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">então se organiza em prateleiras</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">cumprindo a cachoeira de decretos.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">É quando o burocrata já cansado</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">de tanto recortar a vida e o vivo</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">encerra o expediente da tesoura</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">e vai dormir</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">ou arquivar seus sonhos.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">No exato momento</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">em que a ditadura publica</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">mais um ato institucional.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><h4><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> BUROCRA 2</span></span></h4><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">A vida é simples para o burocrata.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">No seu birô</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">com a sua caneta</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">o seu papel</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span> </span>quorum</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">o verbo</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">e a hierarquia</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span> </span>ele constrói e reconstrói o mundo</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">como edição pilulificada de Deus</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">nos sete dias</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">da sua majestática criação.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Algum problema?</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">- Resolução.</span></span></div><h3><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> Deficiência?</span></span></h3><h3><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> - Um curso, irmão.</span></span></h3><h3><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> Com morto e vivo</span></span></h3><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">façam um ativo.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Para o incremento</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">mais um documento.</span></span></div><h3><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> Para organizar</span></span></h3><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">uma circular.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Ponto diário.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Mais reunião.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Mais um secretário.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Mais discussão.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Abaixo o foquismo</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">e o partidão!</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><h4><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> BUROCRA 3</span></span></h4><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">E o principal motivo</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">para nós sermos ateus, companheiros,</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">é que Deus foi um burocrata:</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">fez tudo por decreto</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">hemorroidalmente</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">sentado.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Por isso mesmo a sua criação</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">pressupôs o cão</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">e o seu cabedal:</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">o pecado</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">a cobra</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">e o Jardim do Mal.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><h6><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"></span></span> </h6><h6><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> BUROCRA 4</span></span></h6><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Raízes Ideológicas:</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">primeiro documento.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Caules ideológicos: </span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">segundo documento.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Folhas ideológicas:</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">terceiro documento.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Flores ideológicas:</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">quarto documento.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Frutos ideológicos: </span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">os foquistas tomam o poder.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Ah! Que prazer!</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">Mais um documento</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span> </span>para escrever!</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><h4><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;"> BUROCRA 5</span></span></h4><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">O grupo de trabalho</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">não está trabalhando</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">porque está elaborando</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">um plano</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">de trabalho.</span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><i><span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Times New Roman;">[Publicado originalmente na Revista Brasil Revolucionário]</span></span></i></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div></span></span></b></b></i></b></i></div><div align="left">Participou da UNE. Ingressou no PCB e foi um dos líderes do movimento de massas de 1942 em Salvador, contra o nazi-fascismo.</div><div align="left">Em 1945 passou a integrar o Comitê Estadual do PCB na Bahia e em 1957, foi eleito para o Comitê Central.</div><div align="left">Com o golpe de 1964, tornou-se um dos líderes da corrente de esquerda dentro do PCB. Atuando nas difíceis condições de clandestinidade, foi preso, em julho</div><div align="left">de 1964, no Rio de Janeiro, sendo libertado somente um ano depois por concessão de </div></span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">Novos Rumos </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">e </span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">Voz Operária</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">. Fez o curso secundário em Salvador e foi um dos fundadores da União dos</span></span></i></i></i></b></div><br />
<hr /><br />
<div>_______________________________________________<br />
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Ruy Carlos Vieira Berbert <br />
Militante do MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO POPULAR (MOLIPO).<br />
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Estudante universitário.<br />
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Nasceu em Regente Feijó (São Paulo), no dia 16 de dezembro de 1947, filho de Ruy Thales Jaccoud Berbert e Ottilia Vieira Berbert.<br />
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Desaparecido em 1972, aos 25 anos de idade, assim permanecendo até 30 de junho de 1992, quando a Justiça reconheceu sua morte em 2 de janeiro de 1972, na cidade de Natividade (Tocantins).<br />
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Poucas informações se tinha a respeito de Rui Carlos e de seu desaparecimento. Sua morte foi admitida por um general estreitamente ligado ao aparelho repressivo em entrevista fornecida ao jornal “Folha de São Paulo”, em 28 de janeiro de 1979.<br />
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Foi indiciado no inquérito 15/68, referente ao XXX Congresso da UNE, em Ibiúna/SP. Em 27 Julho/72 foi condenado pela 2ª Auditoria da Marinha à pena de 21 anos de reclusão.<br />
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Em meados de junho de 1991 foi entregue por Hamilton Pereira, membro da Comissão Pastoral da Terra, à Comissão 261/90 da Prefeitura de São Paulo, criada no governo da prefeita Luíza Erundina, para acompanhar a identificação das 1049 ossadas encontradas na vala clandestina de Perus, um atestado de óbito em nome de João Silvino Lopes, causa mortis: suicídio, datado de 02 de janeiro de 1972, em Natividade (na época, Estado de Goiás). Havia probabilidade de ser de um militante desaparecido político.<br />
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Na ocasião, não se tinha a possibilidade de identificar este provável militante. Este nome não constava na lista dos desaparecidos políticos. Caso fosse um nome falso, era necessário mais informações para identificá-lo.<br />
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Em Janeiro de 1992, quando se teve acesso aos arquivos do DOPS-SP, encontrou-se uma relação elaborada a pedido do Dr. Romeu Tuma intitulada: “Retorno de Exilados”. Na relação das pesssoas, estava o nome de Ruy Carlos Vieira Berbert com as seguintes observações: preso em Natividade, suicidou-se na Delegacia de Polícia, em 02 de janeiro de 1972. Concluiu-se que João Silvino Lopes era o nome falso de Ruy Carlos Vieira Berbert e buscaram-se meios para prosseguir nessas investigações. Solicitou-se à Comissão de Representação da Câmara Federal ajuda para investigar, naquela cidade, a verdadeira identidade do morto.<br />
<br />
Organizou-se uma caravana integrada pelas seguintes pessoas: o Presidente da Comissão de Representação Externa do Congresso, deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG), deputado federal Roberto Valadão (PMDB-ES), Idibal Piveta, advogado da família de Ruy Carlos Vieira Berbert e representante da OAB-SP, Hamilton Pereira, da Comissão Pastoral da Terra, de Goiás e Suzana Keniger Lisboa, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.<br />
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Os integrantes da Caravana tomaram os depoimentos de populares que presenciaram os fatos da época. Foram entrevistados alguns moradores, funcionários públicos e membros da PM, que confirmaram que Ruy Carlos e João Silvino eram realmente a mesma pessoa.<br />
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Feito levantamento das sepulturas do Cemitério e localizado o possível local do sepultamento, foi encaminhado à Justiça pedido para reconstituição de identidade e posterior exumação e traslado dos restos mortais. Contatos com o Prefeito e o Governador do Estado foram feitos para providenciar as medidas necessárias para guarda da sepultura localizada.<br />
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No dia 30 de junho de 1992, a juíza de Direito da Comarca de Natividade, Dra. Sarita Von Roeder Michels, concluiu os termos de retificação da Certidão de Óbito, requerida pelo Sr. Ruy Jaccoud Berbert, pai de Ruy Carlos. O parecer da juíza diz o seguinte: “A documentação acostada aos autos não deixa quaisquer dúvidas de que Ruy Carlos Vieira Berbert seja a mesma pessoa que morreu na cadeia pública desta cidade de Natividade, foi sepultado no Cemitério local e cujo óbito lavrou-se em nome de João Silvino Lopes.”<br />
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Em seguida encaminhou o cancelamento do registro de óbito em nome de João Silvino Lopes e foi lavrado novo assento que registra o óbito de Ruy Carlos Vieira Berbert, falecido em 02 de janeiro de 1972, às 3:00 horas na cadeia pública da Praça Senador Leopoldo de Bulhões.<br />
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Seu corpo, entretanto, não pode ser localizado, apesar das tentativas realizadas pela Equipe do Departamento de Medicina Legal da UNICAMP. No dia 19 de maio de 1992, em Jales, São Paulo, uma urna funerária vazia foi depositada no jazigo da família Berbert, simbolizando o enterro de Ruy Carlos, vinte anos após sua morte.<br />
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De sua mãe, D. Ottília:<br />
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“Rui Carlos tinha uma única imã, Regina Maria Berbert Pereira. Ele passou a adolescência em sua terra natal. Sempre foi uma pessoa tranqüila e bondosa, especialmente para sua família.<br />
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Ao concluir o Curso Científico, deixou sua cidade seguindo para São Paulo com o intuito de se preparar para o vestibular e conseguiu, para tal, bolsa de estudos integral. E venceu essa etapa na vida estudantil conseguindo ser aprovado na PUC e USP, com distinção. Com o resultado dos vestibulares, optou pelo seu ingresso na USP, no curso de Letras.<br />
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Porém, após um ano, trancou a matrícula e começou a ministrar aulas em cursinhos particulares, entre outros no Capi-Vestibulares, na Av. São João e também num cursinho da Liberdade. Neste ínterim, iniciou seu envolvimento nas atividades políticas estudantis, quando, em outubro de 1968, foi preso em decorrência de sua participação no Congresso da UNE, em Ibiúna.<br />
<br />
Após a sua prisão retornou à sua terra natal, permanecendo uns 15 dias e voltando logo em seguida para o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, onde morava, continuando a sua participação nos movimentos estudantis, até que, por motivos óbvios, se retirou do país.<br />
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Logo após sua saída do país, no final de 1969, em dezembro, recebemos uma carta da Europa na qual reconhecemos a letra dele. Porém, percebia-se claramente que, por motivos de força maior, dizia estar como turista pelo velho mundo, que estava bem, mas que seria muito difícil nos escrever sempre. Meses após recebemos um bilhetinho escrito às pressas e falando apenas que estava bem e que pensássemos sempre nele com carinho.<br />
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A partir daí saíram algumas notícias na imprensa sobre ele, tais como:<br />
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25/11/78: ‘Folha de São Paulo’ - O Congresso Nacional pela Anistia divulgou uma lista de 37 nomes de pessoas mortas e desaparecidas a partir de 1964 e nela constava o nome de Ruy Carlos como desaparecido em Dezembro de 69.<br />
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28/01/79: ‘Folha de São Paulo’ - 13 nomes de desaparecidos, cujas fichas estavam no ‘necrotério’ de um órgão de segurança em dezembro de 1973 e que são dados como desaparecidos pelas famílias e organizações de defesa dos direitos humanos; consta que o desaparecimento de Ruy Carlos está ainda em investigação.<br />
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03/08/79: ‘Correio da Manhã’ - Rio - Noticia uma lista de 14 nomes, com este título: ‘Estes desaparecidos foram mortos’. Entre esses nomes estava o de Ruy Carlos.<br />
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18/08/79: ‘Estado de São Paulo’- O Dr. Idibal Piveta envia carta ao Ministro da Justiça, Petrônio Portela, solicitando informação de Ruy Carlos e outros.<br />
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22/09/79: ‘Folha de São Paulo’. O Juiz Antonio Carlos de Seixas Teles, anistiou várias pessoas condenadas por atividades estudantis contra a segurança nacional e entre elas estava o nome de Ruy Carlos.<br />
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01/08/1991: ‘Diário Popular’ noticia trabalho feito em Curitiba pela Comissão Especial de Investigação, onde foram encontradas fichas de 17 desaparecidos em um arquivo de aço, com a identificação “falecidos”, constando o nome de Ruy Carlos.<br />
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Após este histórico sobre a vida de Ruy Carlos, gostaria de mostrar a luta constante pela qual passamos, na busca incerta da solução de um passado certo.<br />
<br />
Apesar dos fatos comprovarem a quase certeza de sua morte, nós vivemos mais de uma década com a esperança e o sonho de vê-lo novamente.<br />
<br />
A partir do momento em que tivermos a certeza de que ele não voltaria mais, passamos a viver momentos ainda mais angustiantes e mais uma década se passou.<br />
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Hoje, o nosso maior sonho é conseguir dar para Ruy Carlos um lugar digno de grande herói que foi. É esta a nossa última e grande esperança.<br />
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Se assim o conseguirmos, não olvidaremos jamais a grande luta dos amigos e, porque não dizer, irmãos, que lutam e lutaram para a elucidação de uma época tão negra para nós.<br />
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Esperamos que a História nunca se esqueça de mencionar esses jovens heróis, muitas vezes anônimos para a maioria da população alienada a respeito dos acontecimentos passados.<br />
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Todavia, para nós, Ruy Carlos Vieira Berbert não é um herói anônimo pois, além de dar a sua contribuição para as grandes transformações sócio-políticas brasileiras, nos é lembrado como um filho digno das mais belas recordações, como um ser humano maravilhoso que foi: jovem, belo, inteligente, honesto e carinhoso que soube lutar pelos seus ideais.”<br />
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Desaparecidos: à margem do rio dos Mortos<br />
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Hoje, no Brasil, ainda são 144 os desaparecidos políticos da ditadura civil-militar. Corpos à espera do sepultamento. Familiares à espera de concretizar o luto, de acabar com a incerteza. Almas à espera da travessia do Aqueronte. Como definiu Ivan Seixas, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, “são os fantasmas que voltam sempre. São os fantasmas que querem lembrar que não podem ser esquecidos”. A reportagem especial é de Paula Sacchetta, publicada originalmente no Brasil de Fato. <br />
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Paula Sacchetta - Brasil de Fato – 02/08/2010<br />
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Queres tu, realmente, <br />
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sepultá-lo, embora isso tenha <br />
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sido vedado a toda a cidade?<br />
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Fala de Ismênia na tragédia Antígona<br />
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Cena 1: o começo ou sepultamento inusitado<br />
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Segunda-feira, 18 de maio de 1992. Em Jales, a 600 quilômetros de São Paulo, um caixão fechado é velado na Câmara Municipal. Foi decretado feriado, a cidade inteira está parada. A Câmara está lotada. Presentes crianças e adolescentes, gente de todas as idades. É um dia de sol muito quente, daqueles que nem ferro de marcar. Após o velório, um cortejo segue a pé até o cemitério.<br />
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Depois de anos de busca do filho desaparecido, Ruy Thales consegue enterrá-lo. O caixão é finalmente depositado no jazigo da família Berbert. Dentro dele, porém, não havia um corpo. Nem restos mortais. Apenas um terno completo e os sapatos de Ruy Carlos Vieira Berbert, desaparecido desde 1972. Objetos que haviam permanecido até então intocados em seu quarto, para “caso ele voltasse”.<br />
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Antes do início das cerimônias, Ruy Thales, o pai, chamou Amélia Teles em casa para tomar um café. Ela estava em Jales representando a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. “Ele havia me chamado para o enterro, mas eu sabia que os restos mortais não haviam sido encontrados. Aceitei o convite e não perguntei nada. Ele também não me disse nada”.<br />
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Depois do café, o conteúdo do caixão foi revelado. Naquele dia, Amélia foi cúmplice de Ruy Thales. Ninguém, além dos dois, sabia que o ataúde estava praticamente vazio. O pai já estava bastante idoso, e, prevendo que morreria logo, quis enterrar o filho. Mesmo sem ter um corpo. No fim do dia, depois do ato na Câmara e do enterro, deu um jantar para 80 pessoas. “Era uma mesa enorme, parecia um banquete”, conta Amélia. O pai de Berbert morreu pouco tempo depois. Mas conseguiu enterrar seu filho.<br />
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Cena 2: Ruy Carlos Vieira Berbert, presente!<br />
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O ritual foi a forma encontrada pela família Berbert para acabar com a espera. A maneira de encerrar o luto que já durava 20 anos. Estavam se libertando de um fantasma que, até hoje, assombra a vida de famílias inteiras: filhos, pais, mães e irmãos. Hoje, no Brasil, ainda são 144 os desaparecidos políticos. <br />
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“Não pode haver aceitação da ideia de que ainda existem mais de 140 brasileiros que muitos vivos sabem onde estão seus corpos ou como seus corpos deixaram de existir”, afirma Paulo Vannuchi, à frente da Secretaria Especial de Direitos Humanos desde o final de 2005.<br />
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O caso de Ruy Carlos Vieira Berbert é emblemático. Nascido em Regente Feijó, no interior paulista, em 1947, veio para São Paulo tentar o vestibular da USP. Passou em letras, começou o curso e se tornou militante no movimento estudantil. Mais tarde, passou à luta armada. Em 1969, viajou, pela ALN – Ação Libertadora Nacional, organização de maior expressão no cenário da guerrilha urbana, nascida como dissidência do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e que teve Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira como dirigentes –, para Cuba, de onde retornou como militante do Molipo – Movimento de Libertação Popular, surgido a partir de um racha da própria ALN.<br />
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A maioria dos que voltavam do treinamento na ilha socialista já chegava ao Brasil “queimada” e procuradíssima pela repressão. Quando os serviços de informação da ditadura souberam que os integrantes do Molipo estavam se espalhando de forma clandestina para dentro do país, o governo baixou uma ordem exigindo a prisão de todo e qualquer estranho recém-chegado às cidades do interior. <br />
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O turista relâmpago <br />
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Na virada de 1971 para 1972, Berbert instalou-se em Natividade (na época, em Goiás, hoje, no Tocantins), em uma pequena pensão. No dia seguinte, foi preso enquanto conversava tranquilamente na calçada com a filha do dono do estabelecimento. <br />
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A delegacia da cidade era bem antiga. Suas celas possuíam amplas janelas gradeadas que davam para a praça principal. Da janela, o preso conversava com as pessoas que por ali passavam. Em algumas horas, o militante tornou-se celebridade, quase uma atração turística. Ficou conhecido.<br />
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Dois ou três dias após sua prisão, baixou em Natividade “o pessoal de São Paulo”, como eram chamados os agentes do DOI-Codi. Nesse mesmo dia, Berbert apareceu enforcado em sua cela. A versão oficial: suicídio. <br />
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No dia seguinte, um grande proprietário de terras da região, não muito querido pela população local, também morreu. Os dois corpos partiram em cortejo rumo ao cemitério, seguidos por boa parte dos habitantes daquela cidade. Os agentes da repressão acreditavam que era por conta da morte do latifundiário, mas as pessoas estavam seguindo Berbert, o turista relâmpago, que, embora tivesse ficado tão pouco tempo na cidade, angariou simpatia e admiração, e que, do mesmo jeito que chegou, foi-se embora num piscar de olhos. Enterraram o latifundiário na ala “dos ricos” do cemitério, e o militante, numa vala comum, junto aos indigentes.<br />
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A família Berbert passou a ter informações sobre o filho somente através de notícias de jornal. Em 1979, um general ligado ao aparelho repressivo admitiu sua morte em entrevista concedida à Folha de S. Paulo. Na ocasião, dona Ottília, mãe de Ruy Carlos, disse ao grupo Tortura Nunca Mais que gostaria de mostrar a luta constante pela qual passaram, na busca incerta da solução de um passado certo: “Apesar dos fatos comprovarem a quase certeza de sua morte, nós vivemos mais de uma década com a esperança e o sonho de vê-lo novamente”.<br />
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Corpo que não era corpo<br />
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Apenas em 1991 começaram a obter dados mais concretos. Um atestado de óbito com o nome de João Silvino Lopes foi entregue à Comissão 261/90 da Prefeitura de São Paulo, criada no mandato da prefeita Luiza Erundina, para acompanhar a identificação das 1.049 ossadas encontradas na vala clandestina do cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus. Segundo a versão oficial, Lopes havia se suicidado em 2 de janeiro de 1972, em Natividade. Embora pudesse ser um militante político, seu nome não constava na lista de desaparecidos.<br />
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Só um ano mais tarde, em 1992, quando os familiares dos mortos e desaparecidos tiveram acesso aos arquivos do Dops, foi encontrada uma relação elaborada a pedido de Romeu Tuma, diretor da unidade paulista do órgão entre 1977 e 1982. Nela, estava o nome de Ruy Carlos Vieira Berbert com as seguintes observações: preso em Natividade, suicidou-se na Delegacia de Polícia, em 2 de janeiro de 1972. Concluiu-se que João Silvino Lopes era o nome com que fora enterrado Ruy Carlos Vieira Berbert.<br />
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Tendo-se como base esse mesmo documento, foi possível saber que seu corpo estava no cemitério de Natividade, mas não em qual local exatamente. Para exumá-lo e fazer a posterior identificação, seria preciso escavar o cemitério inteiro. Membros da Comissão 261/90 explicaram a situação à família Berbert, que, resignada, se contentou com um atestado de óbito, concordando em não fazer a exumação praticamente impossível. O corpo permaneceu no local, mas um enterro simbólico foi realizado na cidade onde seus pais moravam. <br />
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Naquele dia, quem passou pela Câmara Municipal de Jales prestou homenagens frente ao caixão vazio de corpo, mas repleto de símbolos. Velaram um corpo que não era corpo, que não sabiam que não era corpo, mas que reverenciavam e o fariam ainda que o soubessem. No cemitério, colocaram a bandeira a meio-pau e cantaram o hino nacional. Tudo isso para o homem que não estava lá.<br />
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História de WALQUÍRIA AFONSO COSTA -XXV- - Vanderley-Revista<div><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><div align="left">W</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">ALQUÍRIA </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">A</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">FONSO </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: medium;">C</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">OSTA</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Militante do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B).</div><div align="left" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://img197.imageshack.us/img197/9990/walquiriaafonsocosta1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://img197.imageshack.us/img197/9990/walquiriaafonsocosta1.jpg" /></a>Nasceu em Uberaba, Triângulo Mineiro, no dia 2 de agosto de 1947, filha de Edwin Costa e de Odete Afonso Costa.</div><div align="left">Desaparecida desde 1974 na Guerrilha do Araguaia quando tinha 27 anos.</div><div align="left">Seu pai era funcionário do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, hoje Banco Nacional, em Pirapora.</div></span></span><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Depoimento de sua irmã:</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">“Walquíria fez o curso primário na Escola Normal de Patos de Minas/MG, e as duas primeiras séries do curso ginasial, no Ginásio Rio Branco, em </div><div align="left">Bom Jesus de Itapapoama, Rio de Janeiro.</div><div align="left">Com a transferência de sua família para Pirapora, terminou o ginasial no Colégio Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, estabelecimento dirigido</div><div align="left">por freiras religiosas.</div><div align="left">No período de 1963 a 1965, estudou no Colégio São João Batista, em Pirapora, onde terminou o Curso Normal de formação de professoras, e lecionou </div><div align="left">em alguns grupos escolares da cidade.</div><div align="left">Wal – como era chamada – prestou concurso público para o Estado em 1966 e, nomeada na primeira chamada, transferiu-se para Belo Horizonte, </div><div align="left">onde passou a lecionar.</div><div align="left">Aluna exemplar, ocupando sempre os primeiros lugares nas escolas por onde passou, Walquíria prestou o vestibular para o Curso de Pedagogia, na </div><div align="left">Universidade Federal de Minas Gerais, classificando-se em segundo lugar.</div><div align="left">Freqüentou apenas os três primeiros anos do Curso, quando passou a tomar consciência dos problemas políticos e sociais do País e, em particular, da </div><div align="left">própria Universidade. Nessa época, Walquíria gostava muito de cantar e tocar violão.</div><div align="left">Participou junto com outros colegas da fundação do Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação, em 1968. Lutavam pela defesa de interesses </div><div align="left">estudantis e buscavam o caminho para soluções de questões mais concretas como: cortes de verbas, acordo MEC–USAID, fechamento de restaurantes</div><div align="left">universitários, Decreto- Lei 477 etc.</div><div align="left">As perseguições políticas começaram a se intensificar. O cerco do prédio da Faculdade de Educação, demonstrou um claro desrespeito aos alunos e </div><div align="left">professores que estavam em seu interior. Intimações para depoimentos no DOPS, muitas prisões, já sob tortura, eram os sinais nítidos do agravamento </div><div align="left">da situação política.</div><div align="left">Nesse período, Walquíria era Vice-Presidente do Diretório Acadêmico.</div><div align="left">Walquíria, até então, não havia sido indiciada em nenhum inquérito, pelo DOPS ou por qualquer outro órgão de segurança.</div><div align="left">Já prevendo dificuldades futuras e maiores riscos de atuação, decidiu em 1971 partir para outra frente de trabalho político: a luta junto aos </div><div align="left">camponeses pobres da região do Araguaia.</div><div align="left">É importante destacar que nessa mesma época foi procurada por agentes da repressão (DOPS/MG) e teve sua casa invadida sob a alegação de </div><div align="left">envolvimento em reuniões estudantis.</div><div align="left">Walquíria, Walk ou Wal, e seu marido, Idalísio Soares Aranha Filho, ambos filiados ao PC do B, foram viver na região do Gameleira, Sul do Pará.</div><div align="left">Fez parte do Destacamento B, comandado por Osvaldo Orlando da Costa, na localidade de Gameleira.</div><div align="left">Em julho de 1973, Walquíria foi julgada, à revelia, pela Auditoria da 4ª Região Militar, em Juiz de Fora, mas foi absolvida por absoluta falta de </div><div align="left">provas da sua atuação política.</div><div align="left">Walquíria Afonso Costa foi dada como desaparecida na região do Araguaia, em 25 de dezembro de 1973, onde provavelmente foi aprisionada e morta </div><div align="left">sob torturas.</div><div align="left">‘Os mortos inimigos serão sepultados na selva, após identíficação’: esta recomendação está escrita em farto material das Forças Armadas sobre a </div><div align="left">segunda fase da Guerrilha do Araguaia em 1972, denominada ‘Operação Papagaio’. Mas até hoje seus restos mortais não foram entregues à família.</div><div align="left">Walquíria Afonso Costa – de muitas lembranças e tantas saudades, alta, clara, cabelos castanhos e lisos, rosto ovalado, inteligente e leal é nome da </div><div align="left">antiga rua 10, no bairro Nova Pirapora, em Pirapora, Minas Gerais, num projeto de lei do Vereador José Carlos Costa.”</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">No Relatório do Ministério da Marinha consta que “foi morta em 25/out/74”. </div></span></span></i></b></i></b></div>Barbethttp://www.blogger.com/profile/12067948393834576062noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4910726908080764649.post-31268091084806294972011-02-05T10:19:00.000-08:002011-02-05T10:19:12.770-08:00[Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de PEDRO VENTURA FELIPE DE ARAÚJO POMAR -XXVIII- - Vanderley-Revista<div align="left">Dirigente do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B).</div><div align="left" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://img80.imageshack.us/img80/9369/pedropomar21.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://img80.imageshack.us/img80/9369/pedropomar21.jpg" /></a>Nascido a 23 de setembro de 1913, na cidade de Óbidos (Pará), Pedro Pomar foi o primeiro filho de Felipe Cossio Pomar e Rosa de Araújo Pomar.</div><div align="left">Deputado federal por São Paulo em 1947.</div><div align="left">Foi fuzilado aos 63 anos, em 16 de dezembro de 1976, em São Paulo, na Chacina da Lapa.</div><b><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">Walter Pomar organizou esta biografia:</div></span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div align="left">“Seu pai, pintor e escritor peruano, foi criador do APRA (Aliança Para a Revolução Americana). A mãe, Rosa, era maranhense, tendo ido para Óbidos</div><div align="left">quando seu pai, subtenente, foi transferido para o Batalhão de Artilharia.</div><div align="left">Em 1918, quando Pedro tinha 5 anos, a família fez uma viagem aos Estados Unidos. Moraram em Nova Iorque. Um ano depois, o casal se separou. </div><div align="left">Rosa encarregou-se, então, de sustentar sozinha, como costureira, os três filhos: Pedro, Roman e Eduardo.</div><div align="left">Com 13 anos, Pedro saiu de Óbidos, sozinho, para fazer o ginásio em Belém, onde se envolveu na movimentação política dos anos 30.</div><div align="left">Em setembro de 1932, participou ativamente da organização de um levante armado em apoio aos constitucionalistas de São Paulo. Esmagada a </div><div align="left">revolta, passou algum tempo no Rio de Janeiro, depois retornou a Belém, onde concluiu o ginásio.</div><div align="left">Não se sabe ao certo quando Pomar passou a integrar as fileiras do PCB, mas é certo que foi recrutado pela escritora Eneida de Moraes.</div><div align="left">Aos 19 anos, entrou para a Faculdade de Medicina. Nessa época, também jogava futebol, profissionalmente, no Clube do Remo.</div><div align="left">Em 5 de dezembro de 1935, casou-se com Catharina Patrocínia Torres.</div><div align="left">Tiveram quatro filhos.</div><div align="left">Disputou suas primeiras eleições em 30 de novembro de 1935, encabeçando a lista do Partido da Mocidade do Pará, que recebeu apenas 64 votos (o </div><div align="left">partido mais votado recebeu 4.888 votos).</div><div align="left">Aos 22 anos, terceiranista de medicina, Pomar foi preso pela primeira vez, em janeiro de 1936. Enquanto estava na cadeia, nasceu seu primeiro filho.</div><div align="left">Solto em 14 de junho de 1937, foi novamente preso em 2 de setembro de 1940.</div><div align="left">Fugiu da cadeia, em direção ao Rio de Janeiro, junto com João Amazonas e outros integrantes do Partido, no dia 5 de agosto de 1941.</div><div align="left">Reuniu-se com a família em julho de 1942. Vivendo com dificuldades, tendo trabalhado inclusive como pintor de paredes, Pomar ajudou a formar a </div><div align="left">Comissão Nacional de Organização Provisória, que se encarregou de reorganizar o PC em escala nacional, convocando e realizando a Conferência da </div><div align="left">Mantiqueira, em 1943.</div><div align="left">Depois, mudou-se para São Paulo.</div><div align="left">Em 1945, Pomar concorreu a uma vaga de deputado federal pelo Pará. Não fez campanha, e não conseguiu eleger-se, o que não se repetiu na eleição </div><div align="left">complementar de 1947, quando concorreu pela coligação PCB-PSP (Partido Social Progressista, de Ademar de Barros). Recebeu mais de 100 mil </div><div align="left">votos, a maior votação da época.</div><div align="left">Durante seu mandato parlamentar, chefiou a delegação brasileira ao Congresso Mundial da Paz, no México, em 1948; integrou também, a delegação </div><div align="left">ao Congresso Mundial da Paz de 1949, ocorrido em Varsóvia.</div><div align="left">Membro do Comitê Central e da Comissão Executiva do PC, foi secretário de Educação e Propaganda, encarregado de supervisionar os cerca de 25 </div><div align="left">jornais mantidos pelo partido em todo o país. Entre 1945 e 1947, foi diretor da </div><div align="left"><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">Imprensa Popular, do Rio, e colaborou ativamente em </span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">Notícias de Hoje</span></span><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">, de São Paulo. Foi, ainda, secretário político do Comitê Metropolitano do Rio </span></span></i></i></div><div align="left"><i><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">de Janeiro. Em 1950, concluído o mandato, passou à clandestinidade.</span></span><b><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">Ascensão e Queda do III Reich</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">”, de W. Schirer, e deu aulas de russo. A maioria das traduções saíram com nomes de outros autores.</span></span><b><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">A Classe Operária</span></span><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">”, Pomar dedicou-se a organizar o novo partido, tendo realizado </span></span></b></b></i></div><div align="left">Nessa época, já havia entrado em conflito com a maioria da direção do PC. De segundo ou terceiro principal dirigente, começou a ser gradualmente </div><div align="left">rebaixado.</div><div align="left">Afastado do secretariado, depois da Executiva, foi em seguida transformado em suplente do Comitê Central e deslocado do plano nacional: enviado </div><div align="left">para o Rio Grande do Sul, onde colaborou nas lutas operárias e populares ocorridas no Estado nos anos 1951 e 1952. Por sua experiência, foi </div><div align="left">indicado para participar de um comitê especial organizado em São Paulo, por cima da estrutura normal do Partido, com a finalidade de dirigir o </div><div align="left">processo de lutas grevistas e contra a carestia. Esse comitê orientou a atividades do PCB em São Paulo durante os anos 1952 e 1953.</div><div align="left">Depois, voltou a morar no Rio de Janeiro. Foi, então, enviado à União Soviética, onde estudou por dois anos. Ao retornar, participou do Comitê </div><div align="left">Regional Piratininga, responsável pela organização do partido na Grande São Paulo. Em 1956, Pomar integrou a delegação brasileira ao 8° </div><div align="left">Congresso do Partido Comunista Chinês. De 1957 a 1962, participou ativamente da luta interna no PC, o que lhe valeu a paulatina destituição das </div><div align="left">posições de direção que ainda ocupava: de dirigente regional passou a dirigente do Comitê Distrital do Tatuapé, do qual o próprio Prestes, </div><div align="left">pessoalmente, ainda tentou destituí-lo durante as conferências preparatórias do V Congresso.</div><div align="left">Pressionado pela direção, negou-se a voltar ao Pará e, para sobreviver, passou a fazer traduções e a dar aulas. Traduziu alguns livros de economia, </div><div align="left">uma série de livros de psiquiatria e de outros ramos científicos, tanto do inglês e do francês, como do russo. Traduziu, também, os dois primeiros </div><div align="left">volumes de “</div><div align="left">Em 1959, participou do Congresso do PC Romeno, onde assistiu ao choque direto entre Kruschev, o PC Chinês e o Partido do Trabalho da Albânia.</div><div align="left">No V Congresso do PC, em 1960, Pomar ainda foi mantido como membro suplente do Comitê Central. Mas a luta interna caminhava para a sua </div><div align="left">expulsão e a criação, em fevereiro de 1962, do Partido Comunista do Brasil. Pomar, junto com Maurício Grabois, João Amazonas, Kalil Chade, </div><div align="left">Lincoln Oest, Carlos Danielli e Ângelo Arroyo foram os principais articuladores da conferência que selou o rompimento com o setor majoritário do </div><div align="left">PCB.</div><div align="left">Eleito membro do Comitê Central do PC do B e redator-chefe de “</div><div align="left"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">várias viagens ao exterior. Sabe-se que teve papel destacado na VI Conferência Nacional do PC do B, em julho de 1966. Nessa época, continuava </span></span></div><div align="left"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">morando em São Paulo.</span></span></div><div align="left">Tendo discordâncias com a linha política e com os métodos adotados pela direção, Pomar não integrava o núcleo dirigente mais restrito do PC do B. </div><div align="left">Só após o assassinato de três membros da Comissão Executiva, em fins de 1972, Pomar incumbiu-se da direção de organização.</div><div align="left">Após a derrota da guerrilha do Araguaia, Pomar escreveu um balanço crítico, em torno do qual conseguiu reunir a maioria da direção.</div><div align="left">Pomar não deveria estar presente à reunião da Lapa. Mas a doença de sua mulher Catharina, desenganada pelos médicos, levou a desistir de uma</div><div align="left">viagem à Albânia. Por uma dessas ironias, vários membros da família reuniram-se para despedir-se de Catharina – que viveria até 1986 –, sem saber </div><div align="left">que na verdade despediam-se de Pedro.</div><div align="left">Pomar foi executado pela repressão no dia 16 de dezembro de 1976 na fuzilaria contra a casa 767 da Pio XI. Seu corpo apresentava cerca de 50</div><div align="left">perfurações de bala. Morreu ao lado de Ângelo Arroyo.</div><div align="left">Foi enterrados no Cemitério Dom Bosco, em Perus, sob nome falso. Em 1980, a família conseguiu localizar e trasladar seus restos mortais para Belém </div><div align="left">do Pará, onde estão enterrados, e, no mesmo ano, editou o livro ‘Pedro Pomar’ , pela Editora Brasil Debates.”</div><br />
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